Rígido e um profissional de topo. É assim que o The New York Times descreve Carlos Ramos, o árbitro português de 47 anos que este sábado saltou para as bocas do mundo depois de ter advertido por três vezes a tenista norte-americana Serena Williams na final do US Open. A japonesa Naomi Osaka acabaria por sair triunfante de uma partida que terminou com a sua adversária a insultar e a chamar mentiroso ao árbitro.
Serena Williams, que traz no currículo 23 menções de campeã de Grand Slams, foi derrotada numa hora e 19 minutos por 2 sets a 0 (parciais de 6-2 e 6-4). Os momentos finais do jogo foram tensos e ficaram marcados por uma azeda troca de palavras com o árbitro. Ele advertiu-a, primeiro, por estar a receber instruções do seu treinador, algo que não é permitido pelas regras (coaching). A tenista ficou furiosa pela penalidade, partiu a raquete (recebendo mais uma advertência) e, por fim, avançou para o árbitro de dedo no ar.
“Está a atacar o meu caráter”, “é um mentiroso”, “peça desculpa”, “como se atreve a insinuar que eu estava a fazer batota?”, “roubou-me um ponto, é um ladrão“… A linguagem utilizada valeu-lhe a terceira advertência e consequente jogo de penalidade. As três advertências custaram-lhe 17 mil dólares (cerca de 15 mil euros) numa decisão que ficou conhecida este domingo.
Tenista Serena Williams multada em 17.000 dólares após insultos a árbitro português na final
Um dia depois do confronto, que foi noticiado internacionalmente, o The New York Times quis saber quem é Carlos Ramos. Tem 47 anos, é português, e é conhecido como um profissional “firme”. A sua atitude, no entanto, dividiu opiniões. Algumas mais críticas, que dizem que ele podia ter evitado toda a situação. Escreve o jornal que no momento em que Carlos Ramos sancionou a tenista por ter falado com o seu treinador, poderia apenas tê-la chamado à atenção, fazendo um “aviso suave” e não uma advertência formal.
Carlos Ramos, considerado um profissional rígido, é mesmo um dos árbitros oficiais de ténis mais experientes e um dos melhores do mundo. Já arbitrou seis finais do Grand Slam e a decisão dos Jogos Olímpicos de 2012. E, apesar das críticas de que foi alvo logo após o jogo, há quem o defenda. É o caso de Mike Morrissey, da Federação Internacional de Ténis, que diz que ele é um dos juízes de topo desde a década de 90. Também jogadores como Venus Williams, Novak Djokovic, Andy Murray, Rafael Nadal e Nick Kyrgios se queixaram depois de terem sido sancionados por ele.
No Open francês, em 2017, durante uma partida entre Nadal e Roberto Batista Agut, o árbitro português penalizou Nadal por duas vezes. A segunda advertência custou um ponto a Nadal. “Há árbitros que, por vezes, metem mais pressão que outros, e tu só tens que aceitar”, disse no final do jogo. E apesar de afirmar que achava que Ramos estava sempre a olhar para a suas falhas, acabou por dizer que o respeitava “muito”.
Releia a entrevista do Observador ao árbitro de ténis português que agora enfureceu Serena Williams