Depois de se andar a “passear” durante meses camuflado, eis que finalmente o e-tron se despe de segredos e revela os argumentos com que a marca dos quatro anéis pretende conquistar uma parte da clientela à Tesla, e convencer até alguns dos seus próprios clientes a fazerem a transição para a mobilidade eléctrica.
Ligeiramente mais pequeno do que o grande Q7, o primeiro SUV eléctrico da Audi mede 4,9 m de comprimento e 1,93 m de largura, exibindo uma distância entre eixos de 2,92 m, valor que lhe permite esgrimir o espaço (a bordo e para bagagens) como um dos seus atributos. Para tal contribui também a ausência de túnel de transmissão, que resulta em bancos traseiros particularmente espaçosos, enquanto a volumetria da mala se cifra nos 660 litros, podendo subir até aos 1.725 litros com o rebatimento dos assentos posteriores.
Visualmente, o e-tron agrada. E agrada, sobretudo, porque os designers não quiseram correr riscos. Olhando para o modelo é evidente que se trata de um Audi e não de um exercício de estilo futurista – caminho que outros construtores preferem trilhar para demarcar a sua oferta eléctrica. Com este “conservadorismo”, o fabricante de Ingolsdat consegue não só não assustar os seus adeptos mais fiéis, como cativar aqueles que, pretendendo adquirir um modelo eléctrico de luxo, não querem um carro que esteticamente seja uma revolução (no mau sentido).
Assim, o e-tron surge com uma imagem que está em linha com as últimas novidades da marca, a começar pela (falsa) grelha Single Frame à frente, que por razões óbvias não é perfurada. Atrás, destaca-se a barra de luz a toda a largura, a conferir ao SUV uma assinatura luminosa que não passa despercebida. Mas, provavelmente, a maior nota de destaque no conjunto é a ausência de espelhos retrovisores. Com esta opção, a Audi coloca a tónica no arsenal tecnológico ao dispor do cliente, desafiando o condutor a valer-se das imagens captadas por pequenas câmaras e projectadas nos ecrãs integrados nas portas da frente, tipo espelho. Ainda no habitáculo, é de referir a consola central dominada por dois enormes ecrãs, o painel de instrumentos digital e o novo volante da marca, tudo orientado para o condutor.
Dois motores eléctricos, um à frente e outro atrás, fornecem um total de 360 cv mas, tal como já aqui escrevemos, a potência pode momentaneamente disparar para os 408 cv. A assegurar as “despesas” da locomoção está uma bateria de 95 kWh com células de bolsa, em vez das tradicionais células cilíndricas, tipo AA. Segundo a marca, o acumulador pode ser carregado de 0 a 80% em 30 minutos. Para tal, o e-tron tem de estar ligado a um posto de carregamento a 150 kW – a 11 kW é preciso bem mais tempo do que isso, quase nove horas…
Com uma única carga, o e-tron anuncia 400 km de autonomia, já de acordo com o ciclo WLTP, precisando de 5,7 segundos para ir de 0 a 100 km. A velocidade máxima está limitada a 200 km/h, para preservar a autonomia.
Recorde-se que Audi faz parte do grupo de fabricantes que está a montar na Europa a rede de postos de carga rápida Ionity, prevendo-se que até ao final deste ano existam 200 estações destas. Número que, em 2020, mais do que deve duplicar para que a infra-estrutura acompanhe a venda de novos veículos eléctricos. Em Portugal, esses pontos de carga vão ser disponibilizados em parte das 300 estações de serviço que a Cepsa tem espalhadas pelo nosso país. O acordo de colaboração com a Ionity prevê a instalação de até 100 carregadores, sendo que os primeiros deverão estar operacionais no início de 2019.