A agência anticorrupção da Malásia anunciou esta quarta-feira a detenção do ex-primeiro-ministro Najib Razak devido a um desvio multimilionário num fundo de investimento estatal. O político malaio também enfrentará novas acusações em tribunal.
O organismo declarou que Najib Razak – que esteve no poder entre 2009 e 2018 – foi detido esta quarta-feira no seu escritório e será levado a tribunal na quinta-feira para enfrentar as acusações que lhe serão impostas.
Razak já havia sido anteriormente acusado de crimes como quebra de confiança, corrupção e branqueamento de capitais num escândalo que envolveu o fundo estadual 1 Malaysia Development Berhad (1MDB), tendo-se declarado sempre inocente.
As acusações contra o ex-primeiro-ministro envolviam a transferência de 42 milhões de ringgit (10,3 milhões de dólares/8,8 milhões de euros) para as suas contas bancárias do SRC International, uma antiga filial do fundo 1MDB.
Najib Razak criou o fundo estatal 1MDB quando assumiu o poder em 2009, com o objetivo declarado de promover o desenvolvimento económico do país, mas o fundo acumulou vários milhões em dívidas e está a ser investigado nos Estados Unidos e em vários outros países por alegado desvio de verbas e branqueamento de capitais.
Depois de documentos terem sido tornados públicos e gerado um grande escândalo, Razak demitiu os críticos no seu Governo, silenciou os meios de comunicação e anulou as investigações que estavam em curso.
Toda esta história levou à derrota da coligação governamental de Najib Razak nas eleições de 09 de maio deste ano e deu-se início à primeira mudança de poder desde que a Malásia conquistou a independência da Grã-Bretanha em 1957.
O novo Governo reabriu as investigações encerradas sob o Governo de Najib e impediu que o ex-primeiro-ministro e a sua mulher deixassem o país.
A polícia também apreendeu joias e objetos de valor avaliados em mais de 1,1 mil milhões de ringgit (270,2 milhões de dólares/231,01 milhões de euros) de propriedades ligadas a Najib Razak.
O ex-primeiro-ministro, ao comparecer em tribunal na quinta-feira, irá ouvir as novas acusações formais que terá de enfrentar, nomeadamente em relação a 2,6 mil milhões de ringgit (627 milhões de dólares /536 milhões de euros) encontrados nas suas contas pessoais, que se suspeita terem saído do fundo 1MDB. Razak estava em liberdade condicional, depois de ter passado menos de uma semana preso em julho.