O Governo, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia, vai financiar em 100 milhões de euros o Programa UT Austin Portugal, uma colaboração internacional em tecnologias emergentes que vai “apostar em novas áreas estratégicas”, revelou esta quinta-feira o diretor.
O Programa UT Austin Portugal, existente há dez anos, e que conta com a parceria internacional da Universidade de Austin, no Texas, nos Estados Unidos da América (EUA) vai receber um financiamento de 100 milhões de euros para, nos próximos dez anos, focar-se nas áreas da computação avançada, nanotecnologia, interações espaço-terra, física médica e inovação e empreendedorismo.
Em declarações à Lusa, José Manuel Mendonça, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e que assume agora o cargo de diretor nacional do programa, explicou que a “aposta estratégica do Governo” nas áreas da computação avançada, espaço-terra e física médica “vão alterar completamente as áreas de trabalho, os modelos e os formatos de colaboração”. “Abrem-se agora novas áreas, nomeadamente, na área da física médica com o tratamento de cancro através de protões, uma área mais sofisticada e que causa menos danos colaterais, assim como na área do espaço, ou seja, na interação espaço-terra”, frisou.
Segundo José Manuel Mendonça, também presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto, “o Ministério da Ciência pretende uma entrada mais forte de Portugal no espaço”, assim como uma maior “utilização de mecanismos de observação da Terra que permitam analisar questões de interesse nacional”, como a erosão costeira e os incêndios florestais.
Quanto à área da física médica para o tratamento de cancro através de protões, assim como a computação, o diretor salientou que, apesar destas serem “apostas futuras do Governo”, é “preciso capacitar técnicos”. “Há uma vontade estratégica de Portugal e do Governo apostarem no futuro. Mas, para isso, é preciso treinar pessoas. Não se pode dar este passo sem capacitar técnicos nestas áreas, só assim poderemos ter pessoas capacitadas em Portugal para se poder construir algo”, sublinhou.
Neste momento, já decorrem programas de formação na Universidade de Austin, no Texas, quer no laboratório de supercomputação, o TACC (Texas Advanced Computing Center), quer no centro de investigação da área oncológica, o MD Anderson Cancer Center. No caso da computação avançada, o professor da Universidade do Porto destacou ainda “a oferta da Universidade de Austin de um supercomputador à Fundação para a Ciência e Tecnologia”, que já está a ser instalado na Universidade do Minho, em Braga.
Para José Manuel Mendonça, esta terceira fase do programa representa “um rasgar de novas áreas” que trazem vantagens “no treino, na formação, na investigação e na economia”. “É preciso dinamizar as comunidades científicas dos dois países, assim como é preciso arrastar as empresas portuguesas para colaborarem nestes projetos de investigação”, acrescentou.
Quanto às datas de abertura das candidaturas aos projetos nas cinco diferentes áreas, José Manuel Mendonça prevê que se iniciem no próximo ano. A tomada de posse da nova direção do Programa, que para além de José Manuel Mendonça conta também com Rui Oliveira, administrador do INESC TEC e com Sara Brandão do INESC TEC, realiza-se hoje, pelas 11:30 no edifício da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), em Lisboa.