O ator e apresentador norte-americano Bill Cosby, de 81 anos, foi sentenciado esta terça-feira a uma pena de prisão efetiva pelo abuso sexual de uma mulher em 2004, avança a Associated Press. De acordo com a imprensa norte-americana, o juiz Steven O’Neill recusou aplicar uma pena suspensa ou de prisão domiciliária, sendo efetivamente preso numa prisão estatal.
O juiz declarou ser “tempo para a justiça” e condenou o ator a uma pena de prisão sem hipótese de suspensão e a uma multa de 25 mil dólares.
O comediante foi, ao longo da sua carreira, acusado de assediar sexualmente várias mulheres, tendo a primeira de dezenas de suspeitas aparecido ainda na década de 60. Em 2014, a polémica adensou-se em torno do ator, quando pelo menos 15 mulheres denunciaram a jornais norte-americanos atos de assédio sexual.
Uma dessas mulheres foi a ex-modelo Janice Dickinson, que acusou Cosby de a ter drogado após um jantar. “A última coisa que me lembro é de o ver a despir um robe e a colocar-se em cima de mim. E lembro-me de ter sentido muita dor”, disse a ex-modelo, então com 57 anos.
[Veja no vídeo como Bill Cosby passou de “pai dos EUA” a “predador sexual”]
O caso que lhe viria a valer a pena de prisão foi o de Andrea Constand, uma funcionária da Universidade de Temple, na cidade norte-americana de Filadélfia. Andrea denunciou que, em meados de 2004, Cosby lhe tinha tocado “nos seios e na vagina” e violado depois de lhe dar um comprimido — relatos que se sucederam pela voz de várias mulheres.
Segundo os relatos que vieram a público nessa altura, Andrea Constand, treinadora de basquetebol da universidade onde Cosby também tinha estudado, tinha 31 anos quando visitou a casa do ator norte-americano, em Filadélfia. Ia pedir-lhe conselhos, uma vez que Cosby pertencia ao Conselho Consultivo da Universidade.
Então, Cosby ofereceu a Andrea três comprimidos de Bendryl e depois começou a tocá-la “inapropriadamente”. Quase um ano depois, a mulher apresentou uma queixa contra Cosby por abuso sexual, mas os dois chegaram a um acordo extra-judicial em 2006 — Cosby afirmou que o encontro foi “consensual” e que só ofereceu os comprimidos porque Andrea parecia “stressada”.
Recorde-se que, em maio deste ano, o ator Bill Cosby, juntamente com o realizador Roman Polanski, foram expulsos da Academia de Holywood, que seguiu o Código de Conduta que adotou depois do caso de Harvey Weinstein. Esta trata-se da primeira sentença efetiva emitida por um tribunal depois do rebentar dos escândalos de abusos sexuais em Hollywood e do aparecimento do movimento Me Too.