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Soares voltou para soprar as velas (a crónica do FC Porto-Tondela)

Este artigo tem mais de 5 anos

O FC Porto precisava de ganhar para ir à Luz à frente do Benfica. Sérgio Conceição sabia o plano de cor mas não o soube explicar à equipa. Valeu Soares, que voltou para soprar as velas do aniversário.

Soares regressou aos relvados depois de se ter lesionado na Supertaça Cândido de Oliveira
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Soares regressou aos relvados depois de se ter lesionado na Supertaça Cândido de Oliveira

Tony Dias/Global Imagens

Soares regressou aos relvados depois de se ter lesionado na Supertaça Cândido de Oliveira

Tony Dias/Global Imagens

“O Tondela, à imagem daquilo a que nos habituou nestes últimos anos, é uma equipa competitiva, bem trabalhada, conseguiu no passado recente ganhar em casa de candidatos ao título, Benfica e FC Porto. Temos de estar preparados para essas dificuldades”, disse Sérgio Conceição na antevisão da partida desta sexta-feira. Sérgio Conceição estava avisado. Sabia que as equipas de Pepa gostam de organizar festas surpresa aos “grandes” – e esta noite o FC Porto até estava de parabéns. Mas custou a Sérgio Conceição passar da teoria à prática.

Os azuis e brancos entraram em campo com uma motivação extra: em caso de vitória, somavam 15 pontos, mais um do que o rival Benfica (que esta quinta-feira foi a Chaves empatar) e ficavam, à condição, na liderança do campeonato. E a motivação extra notou-se logo nos primeiros instantes, com cinco remates nos primeiros dez minutos de jogo. Maxi Pereira, na direita da defesa – e do ataque – do FC Porto, foi um dos principais dinamizadores da equipa e mostrou-se quase incansável, uma situação rara tendo em conta as últimas partidas. A dedicação do uruguaio, que rematou mais do que uma vez, correu e fintou, mereceu aplausos e gritos de incentivo de Sérgio Conceição. Nos primeiros 45 minutos, Marega esteve perto de inaugurar o marcador mais do que uma vez, Brahimi rematou com perigo, Herrera atirou de longe, Felipe cabeceou ao lado, Alex Telles disparou de livre direto, Sérgio Oliveira acertou no poste: toda a equipa do FC Porto, defesas incluídos, estava balançada para o ataque e Otávio foi mesmo o único jogador azul e branco (à exceção de Casillas) que não rematou na primeira parte.

Cláudio Ramos, o guarda-redes que inexplicavelmente não foi agarrado por nenhum clube dito “grande” na janela de transferências deste verão, manteve inviolada a baliza do Tondela e realizou várias defesas de alto nível. O guardião português, convocado por Fernando Santos para o duplo compromisso da Seleção Nacional no princípio deste mês de setembro, continua a demonstrar que é um dos melhores com as luvas calçadas a atuar em Portugal. E até os melhores erram. Mas já lá vamos.

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O Tondela, ainda que tenha entrado com vontade de mostrar serviço e impor algumas dificuldades ao campeões nacionais, acabou por ser obrigado a descer linhas e a recuar no relvado e foi sendo empurrado para o meio-campo defensivo. Na ida para o descanso, Pepa era um homem feliz por ter sido o primeiro adversário do FC Porto nesta temporada a ir para o intervalo sem sofrer golos; mas um homem preocupado com as estatísticas completamente desequilibradas e o domínio avassalador dos dragões.

O FC Porto subiu ao relvado para a segunda parte convencido de que só faltava mesmo bater Cláudio Ramos. O caudal ofensivo estava bom, o número de remates estava acima da média, Otávio estava a realizar uma ótima exibição e só faltava mesmo colocar a bola dentro da baliza. O nível de stress era, portanto, baixo. E talvez tenha sido esse o problema. Os azuis e brancos entraram relaxados, sem o ímpeto atacante com que tinham terminado a primeira parte e demoraram mais a atacar, a rematar, a provocar calafrios à defesa do Tondela. Aboubakar passou ao lado do jogo e não correspondeu às indicações positivas de Marega e Brahimi.

Sérgio Conceição colocou Jesús Corona, colocou Soares (para um regresso muito aplaudido) e colocou Hernâni, deixando Óliver e André Pereira no banco. O Tondela não soube aproveitar o ritmo mais lento do jogo e não realizou qualquer remate enquadrado durante os 90 minutos, deixando Iker Casillas a fazer exercícios de aquecimento repetidamente. Os minutos iam passando e os dragões não conseguiam orquestrar reais oportunidades de golo, sendo Otávio o único homem inspirado entre a total falta de ideias do ataque azul e branco. Mas Soares entrou para o regresso romântico.

O avançado só teve de ter instinto de goleador e estar à hora certa no local certo. Aos 85 minutos, Brahimi rematou de longe e Cláudio Ramos traiu todos os elogios feitos por todos os comentadores de futebol do país: numa das bolas mais fáceis que teve, o guarda-redes do Tondela defendeu para a frente e deixou a baliza desprotegida, à mercê de Soares. O brasileiro marcou, Sérgio Conceição respirou de alívio e o Dragão juntou um sorriso à celebração do 125.º aniversário.

O Tondela, apesar da organização defensiva, fez muito pouco para empatar a partida. Mas o FC Porto, apesar do total controlo dos 90 minutos, não fez o suficiente para (con)vencer e leva mais do que aquilo que comprou. Valeu o erro de Cláudio Ramos e a vontade de Soares de voltar com impacto. Mas Sérgio Conceição bem tinha dito que era preciso estar preparado para as dificuldades. Só não estava à espera de que as dificuldades durassem 85 minutos.

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