Numa única coleção, uma miscelânea de referências: Disney, MTV, anos 90, equipamentos de basebol e preservativos. Do streetwear do Bronx aos mini vestidos italianos, Jeremy Scott foi fiel a si mesmo e ao seu registo extravagante quando desenhou aquela que é a próxima colaboração da H&M com uma marca de moda de luxo. Depois do romantismo floral de Erdem Moralıoğlu, a cadeia sueca fez uma viragem de 180 graus e convidou a Moschino a dar largas à imaginação. Com mais de 100 peças, entre roupa e acessórios para homem e mulher e até moda canina, a coleção chega às lojas no dia 8 de novembro. Em Portugal, como manda a tradição, estará disponível na loja do Chiado, em Lisboa.
Em abril, H&M e Moschino aproveitaram o momento em que todas as atenções estavam no Coachella para apresentar a colaboração em pleno festival. A Jeremy Scott e Ann-Sofie Johansson, responsável criativa da marca sueca, juntou-se Gigi Hadid, agora uma das protagonistas da campanha da coleção. Numa chamada telefónica entre o designer e a manequim, a parceria foi revelada ao mundo. E é caso para dizer que já se estava mesmo à espera. Conhecido pela apropriação de ícones e referências da cultura pop, Jeremy Scott assumiu a direção criativa da Moschino em 2013.
Desde então que tem colecionado imagens memoráveis. McDonalds, Barbie, SpongeBob e My Little Pony inspiraram looks que marcaram a carreira do designer nos últimos cinco anos. Enquanto, em Milão, apresenta as suas criações para a marca italiana fundada em 1983, em Nova Iorque, faz desfilar o seu design em nome próprio.
[Veja as peças da linha feminina da coleção na fotogaleira]
De volta à coleção Moschino [tv] H&M (o “tv” foi escolhido para remeter para MTV, sigla que surge em praticamente metade das peças da coleção), esta é possivelmente a colaboração mais esquizofrénica da multinacional sueca, no bom sentido, claro. Vejamos: tem peças em cabedal preto, outras com lantejoulas, fatos de treino e vestidos que são, na verdade, grandes sweatshirts dentro os quais se pode viver, peças cheias de ironia e humor, é o caso de um gorro em forma de luva, de uma mala em forma de cadeado e ainda dos acessórios de joalharia que imitam na perfeição preservativos ainda dentro do invólucro. Para Jeremy Scott, o conceito de moda é bem mais divertido (e figurativo) do que para qualquer outro designer que já tenha colaborado com a H&M.
[Veja as peças da linha masculina da coleção na fotogaleira]
Moschino [tv] H&M, uma ode à diversidade
Para quê ir mais longe se a diversidade começa logo numa questão de espécie. É verdade. Além da roupa e acessórios para homens e mulheres, a Moschino não deixou os cães de fora. Há duas camisolas, em linha com a restante coleção, e uma coleira com trela em pele. Gigi Hadid pode ser um dos rostos da campanha, ao lado de Rianne Van Rompaey, Stella Maxwell, Imaan Hammam, Vittoria Ceretti, Soo Joo Park, Yasmin Wijnaldum, Oumie Jammeh, Valentina Sampaio, Leyna Bloom, Jhona Burjack, Noah Brown e Alexis Chaparro, mas nem só de corpos tidos como perfeitos é feita a comunicação desta coleção.
No lookbook, brilham belezas menos óbvias, como Aquaria, vencedora da 10ª temporada do programa RuPaul’s Drag Race, e as gémeas japonesas Aya e Ami, influenciadoras com 170.000 seguidores no Instagram. Sakura Bready, assistente do próprio Jeremy Scott, também saltou dos bastidores para a frente da máquina fotográfica de Marcus Mam, tal como Pablo Olea, amigo do designer e diretor de comunicação e relações públicas da Moschino.
A campanha foi fotografada por Steven Meisel, o styling, bem como o do lookbook, é assinado por CarlyneCerf de Dudzeele, que explora o lado unissexo de grande parte das peças.
O exagero faz parte, não apenas da coleção, mas também das imagens que vão comunicá-la. O dourado é um dos apontamentos que ressaltam, além das figuras animadas da Disney e as peças em cabedal preto. Entre elas, está um autêntico clássico Moschino: a famosa leather jacket bag é muito provavelmente o objeto mais identitário da coleção. A marca italiana também não está para falsas modéstias. As oito letras de Moschino estão por todo o lado. Estampadas, bordadas ou em ouro sólido, acrescentam valor a peças já por sim especiais e a outras que nem tanto. Afinal, há umas quantas que não nos espantaria encontrar num qualquer expositor da H&M. O preço é que seria, certamente, diferente. O intervalo começa nos singelos 9,99€, uma capa de telemóvel básica, e chega às peças mais emblemáticas do coleção: um blusão de cabedal preto com correntes douradas e umas botas de cano alto em pele e também com correntes. Essas ficam por 399€.
Desde 2004 que a H&M realiza colaborações anuais com importantes marcas e designers. A primeira foi em 2004, com Karl Lagerfeld. Desde então que as casas europeias têm estado na mira da cadeia sueca, com nomes como Lanvin, Versace, Comme des Garçons, Balmain, Kenzo e Isabel Marant a fazerem a moda de luxo um bem um pouco mais acessível.