A Procuradoria-Geral da República confirmou que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) fez no passado mês de julho uma queixa contra desconhecidos por “acesso ilegítimo visando contratos de futebol”. De acordo com o jornal Expresso, a participação deu origem à abertura de um inquérito e a investigação está a ser conduzida pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto.

Ainda não foi constituído qualquer arguido e o processo está neste momento em segredo de Justiça. O nome de Andreia Couto, ex-diretora executiva da LPFP que esta quinta-feira foi apontada pelo jornal A Bola como a alegada responsável pela divulgação de informação confidencial, não consta da queixa apresentada pela direção liderada por Pedro Proença.

De recordar que Andreia Couto, ex-diretora jurídica, diretora executiva e presidente interina da Liga, foi despedida por justa causa no passado dia 2 de outubro. O jornal A Bola contava esta quinta-feira que Andreia Couto, que integrava a estrutura da Liga desde 2002, já abandonou funções há vários meses e que o organismo tinha entretanto apresentado uma queixa-crime por suspeitas de divulgação de documentação confidencial e acesso indevido à mesma.

Liga despede ex-diretora executiva por justa causa e apresenta queixa-crime. Andreia Couto investigada pela PJ

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Liga alega ainda que Andreia Couto “desrespeitou” Pedro Proença durante uma sessão de formação e “falsificou as declarações de amamentação do filho mais novo”. Segundo o jornal desportivo, que citava o despacho proferido por Pedro Proença e Sónia Carneiro, a atual diretora executiva da LPFP, Andreia Couto “efetuou cópias de determinados documentos para uma pen” e “acedeu a arquivos digitais da LPFP para os quais não estava devidamente autorizada”. Em causa estão vários contratos da Liga com diferentes entidades que foram tornados públicos – a direção da Liga suspeita, então, que terá sido Andreia Couto a responsável pela fuga de informação. O jornal acrescentava também que o computador e o telemóvel da jurista tinham sido apreendidos pela Polícia Judiciária.

Em resposta às acusações, a antiga funcionária da LPFP enviou uma carta ao organismo onde nega todas as alegações e afirma não reconhecer “legitimidade” à Liga para a sancionar com “despedimento por justa causa”, acrescentando que em momento algum acedeu a “informação a que não pudesse aceder”. Andreia Couto reconhece, ainda assim, que transferiu vários documentos para uma pen mas garante que com a finalidade de “responder com a prontidão exigida perante qualquer solicitação da LPFP”.

Andreia Couto acrescenta que sempre se mostrou disponível para colocar um término na sua relação contratual com a Liga mediante “compensação monetária” e que toda a situação será resolvida em tribunal. Já esta quinta-feira, em resposta às notícias que dão conta do despedimento por justa causa e da investigação da Polícia Judiciária, Andreia Couto emitiu um comunicado onde afirma ser “redondamente falso” que tenha passado informações confidenciais para o exterior.

“No relatório/decisão proferido no âmbito do processo disciplinar em nenhum lado se me imputa tais factos e até pode ler-se ‘ao contrário do que a trabalhadora tentou fazer crer, a arguente não insinua que aquela é responsável voluntária pela divulgação pública dos ficheiros da LPFP’. Esclareço ainda que na nota de culpa que me foi enviada, apesar de ser expressamente manifestada a intenção de despedir, esses factos não vêm alegados. Desconheço a existência de qualquer participação crime que tenha sido efetuada contra mim. Já reagi judicialmente contra a decisão de despedimento”, acrescentou ainda Andreia Couto.