As filhas de um dos maiores hoteleiros do Algarve, José Humbria Correia, disputam em tribunal uma herança de cerca de 150 milhões de euros. Em causa estão três hotéis, 532 apartamentos turísticos, duas moradias e 132 lotes de terrenos nos concelhos de Albufeira e Loulé que o milionário deixou, quando faleceu em 2006, de acordo com a notícia avançada pelo Correio da Manhã, na edição desta sexta-feira.

A disputa surgiu na sequência de o milionário ter beneficiado mais uma filha do que a outra. Lilita Correia, de 63 anos, garante que ainda não recebeu nada e que os seus sobrinhos, netos do multimilionário, estão a usufruir de uma parte da herança e a controlar a totalidade do património.

No início do ano, os sobrinhos compraram o antigo centro comercial Atrium Faro, que vai dar origem a um novo hotel de quatro estrelas. O investimento, por sua vez, está a cargo da Jumbriveste — sociedade que controla os bens das empresas criadas por José Humbria Correia e que é liderada por um dos netos de José Correia, filho de Ângela Brazão, a herdeira mais velha, de 67 anos.

Em tribunal, Lilita Correia contesta a alegada “compra fictícia de ações“, sendo que a sua defesa diz que a doação de 7,5 milhões de euros foi simulada por parte do empresário aos filhos de Ângela Brazão (a outra irmã) antes de morrer.

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Segundo Lilita, a doação pode estar na base de um esquema para não lhe dar acesso à herança, uma vez que os sobrinhos passaram a deter 75% do capital social da Jumbriveste. Neste contexto, a defesa de Lilita quer anular o contrato de doação entre as duas irmãs. Além disso, as duas irmãs também não chegaram a acordo sobre o valor atribuído à herança.

Trata-se de uma situação em que alguém poderá ter sido deserdado de forma ilegítima, estando em causa um direito jurídico a vários milhões de euros, através de negócios simulados”, afirmou Duarte Guerreiro, advogado de Lilita.

Da longa lista de bens constam 25 ativos, o mais valioso ronda os 24 milhões de euros – o hotel Riu (350 quartos), nos Olhos de Água, em Albufeira. Entre os bens, estão também os apartamentos turísticos Falésiamar, avaliados entre 12 e 13 milhões de euros, e uma moradia na praia da Oura, de 1,3 milhões. O processo deu entrada no tribunal de Portimão, em 2008, mas está parado há vários anos.