A operação contra o jogo online ilegal lançada pela GNR terminou com 31 detidos (um deles no Luxemburgo), além de terem sido constituídos arguidos 93 suspeitos portugueses, brasileiros, luxemburgueses e suíços e 14 empresas. Segundo o balanço daquela força policial, enviado esta manhã de sexta-feira, as autoridades apreenderam 600 mil euros, 3 mil computadores, 86 carros de gama média alta e 22 armas de fogo.
A operação “Shadow Game” foi coordenada pela Unidade de Ação Fiscal e pelo Comando Territorial de Setúbal da GNR e levou, também, para a rua, entre terça e quinta-feira, militares da Unidade de Intervenção e dos Comandos Territoriais de Aveiro, Açores, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu, num total de mil operacionais. Ao mesmo tempo foram realizadas buscas no Luxemburgo, levadas a cabo pela Polícia Judiciária local que colaborou na investigação.
Segundo o comunicado da GNR, as buscas em território nacional visaram “a organização responsável pela conceção, distribuição e exploração de plataformas de jogo online, desde os responsáveis pela sua conceção e fabrico, aos distribuidores e exploradores do jogo ilícito”. Sendo uma rede internacional, em que os crimes decorriam em mais que um país, a investigação contou com o apoio da Europol e da Eurojust.
Os Gabinetes de Recuperação de Ativos (GRA), português e luxemburguês, garantiram o congelamento de 6 milhões de euros em ativos dos arguidos, enquanto decorre o processo e se percebe se foram fruto da atividade criminosa.
A investigação estava a ser feita há mais de um ano e levou á identificação de uma rede transnacional, que operava simultaneamente em Portugal, Bélgica, Brasil, França, Luxemburgo, Moçambique e Suíça.
“Constituiu, explorou e expandiu, de forma ilícita, domínios sediados em servidores identificados e software para o desenvolvimento de jogos de fortuna e azar, lotarias e apostas desportivas”, lê-se no comunicado.
Para isso, disponibilizava equipamentos a uma série de operadores locais que funcionavam em cafés, tendo gerado uma receita estimada na ordem dos 80 milhões de euros (que não foram declarados ao Estado).
Os detidos estão, desde quarta-feira, a ser ouvidos no Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, para primeiro interrogatório judicial. Respondem pelos crimes de exploração ilícita de jogo de fortuna ou azar, exploração ilícita de jogos e apostas online, apostas desportivas à cota de base territorial (jogo no qual os participantes fazem prognósticos do desfecho do evento desportivo e o valor do prémio é calculado e função de uma cota definida pelo organizador), associação criminosa, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.