A empresa portuguesa que alugou um avião ao Estado cabo-verdiano para transporte de doentes vai continuar em Cabo Verde quando o acordo terminar e conta abrir, dentro de um ano, o primeiro centro de formação de aviação civil.
O anúncio foi feito à agência Lusa pelo diretor da Sevenair, empresa portuguesa que atualmente tem alugado a Cabo Verde uma aeronave para realizar transporte de doentes inter-ilhas.
Quando o acordo entre a empresa e o Estado cabo-verdiano estiver concluído, o que deverá acontecer dentro de um ano, e este país estiver dotado de meios próprios e pessoal formado para realizar estas operações, a Sevenair vai iniciar uma nova etapa em Cabo Verde.
Em entrevista na cidade da Praia, Alexandre Alves referiu que a empresa não quer sair de Cabo Verde e que tem inclusive planos para a aeronave, atualmente ao serviço do Estado cabo-verdiano, que já não deverá regressar a Portugal.
“Dentro de um ano teremos aqui uma base de formação a arrancar para capacitar os técnicos de manutenção e formações de alguns pilotos e pessoal de cabine”, disse, acrescentando que o objetivo destas ações é capacitar os profissionais “para o mercado da aviação civil”.
Alexandre Alves disse ter sentido da parte dos operadores locais “alguma dificuldade em encontrar técnicos certificados e qualificados”.
“O mercado é global e quando uma pessoa se vê qualificada, procura trabalho em qualquer lado. Sabemos que o setor da aviação está com um crescimento enorme, a remuneração é muito elevada”, disse.
Segundo o diretor da Sevenair, “Cabo Verde tem pilotos a viajar em todo o lado”, mas, para tal, foram ter formação fora do país.
“Nas nossas bases em Lisboa temos mais de uma dúzia de alunos cabo-verdianos e não faz sentido que tenham de se deslocar a Portugal para fazer algumas formações”, disse.
Alexandre Alves referiu que “não existe atualmente em Cabo Verde nenhuma entidade certificada pela Agência de Aviação Civil de Cabo Verde para ministrar formação”.
“O que vamos oferecer ao mercado é uma dupla certificação: da Agência Civil de Cabo Verde e da ASA (licença europeia). Assim, poderão trabalhar em todas as aeronaves com registo europeu que aterrem aqui [em Cabo Verde]. Hoje não é possível sem essa certificação”, adiantou.
A Sevenair também tem interesses ao nível do transporte aéreo em Cabo Verde.
“Gostávamos que o avião — uma aeronave turbo-hélice bimotor Jetstream 32, atualmente ao serviço de Cabo Verde para o transporte de doentes inter-ilhas – não voltasse para Portugal e ficasse por aqui quando terminasse o contrato para fazer outras operações geridas para nós”, referiu.
E prosseguiu: “Existe mercado para este tipo de aeronaves (até 19 lugares) e com uma capacidade diferente das da Binter [empresa que realiza os voos domésticos em Cabo Verde], nomeadamente em condições atmosféricas mais adversas, como no tempo da bruma seca”.
Alexandre Alves garante que a Sevenair “não será concorrente da Binter, mas sim complementar”.
“Poderemos voar para pistas em que a Binter não pode voar ou para ilhas em que o tráfego seja menor e não justifique uma aeronave ATR [como as usadas pela Binter], mas justifique um avião mais pequeno, até em parceria com eles”, acrescentou.