O governo de Benjamin Netanyahu estava à beira do colapso, mas o primeiro-ministro israelita evitou o seu fim antecipado. No fim da semana passada vários ministros anunciaram que iriam demitir-se na sequência da demissão do então responsável pela pasta da Defesa, Avigdor Lieberman. Foi em conversas individuais e de última hora que o Chefe de Governo conseguiu que os pedidos de renúncia fossem retirados. O Executivo sobrevive assim a uma crise interna que poderia lançar o país num período eleitoral conturbado e, segundo as sondagens, adverso para o partido de Netanyahu.

A incerteza começou na quarta-feira, 14, quando Lieberman anunciou que ia deixar o cargo por não concordar com a estratégia de Defesa Nacional seguida pelo Governo e por sentir que não tinha margem de manobra para tomar as decisões que considerava adequadas. A gota de água foi acordo de cessar-fogo alcançado com as milícias palestinianas, incluindo o Hamas, depois de uma troca de ataques na Faixa de Gaza que se saldou com a morte de 16 pessoas — o registo mais mortífero desde 2014.

Ministro da Defesa de Israel demite-se devido a acordo de cessar-fogo com Hamas

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Além de ser uma baixa numa pasta central para a governação israelita, esta demissão elevou a crise política de patamar, já que Lieberman é líder do partido nacionalista Israel Beiteinou, parceiro de coligação do Governo. Esta demissão deixou a maioria no Knesset – parlamento – à mercê de um deputado. Mesmo com esta retirada de apoio, Netanyahu conseguia que a sua coligação de governo representasse 61 assentos num hemiciclo de 120.

Seguiram-se dois anúncios de demissão: o do ministro da Educação, Naftali Bennett, que é também líder do terceiro maior partido da coligação de Governo — “Lar Judaico” — e o do ministro da Justiça, Ayelet Shaked, também deste partido. Com a saída destes dois governantes e a consequente perda de maioria parlamentar, a marcação de eleições antecipadas parecia ser inevitável. No entanto, estas duas potenciais demissões acabaram por não ser mais do que ameaças.

Começaram por exigir a pasta da Defesa para poderem continuar no Executivo mas Netanyahu recusou: ele mesmo iria acumular o cargo com o de primeiro-ministro. Apesar da recusa, havia abertura para dialogar. Desde quinta-feira da semana passada que o primeiro-ministro de Israel tentou segurar os dois ministros e ontem à noite conseguiu-o.

“Se as intenções demonstradas pelo primeiro-ministro forem sérias – e eu quero acreditar que as suas palavras de ontem à noite o foram – garanto que vamos suspender, por agora, as nossas exigências políticas e que vamos ajudá-lo na enorme missão de fazer Israel vencer novamente”, anunciou esta segunda-feira Bennet. O ministro da Educação referia-se a uma intervenção de Benjamin Netanyahu, que este domingo alertou para a “irresponsabilidade” de marcar eleições antecipadas numa ltura em que o país atravessa “graves problemas de segurança interna”. Um volte-face que serve para garantir a maioria no parlamento e a sobrevivência do Governo. Pelo menos, “por agora”.