Cerca de 10 guardas em formação terão sido violentamente espancados por um formador durante o módulo de “bastão extensível” no curso de formação da GNR que decorreu em Portalegre, segundo avança o Jornal de Notícias. Os formandos sofreram graves lesões, houve recrutas que perderam os sentidos e um deles ficou mesmo em risco de perder em visão por lesões oculares. Alguns tiveram mesmo de ser operados no Hospital de S. José, em Lisboa. Tudo aconteceu no curso (o 40º) que decorreu entre 1 de outubro e 9 de novembro. Confrontado pelo Jornal de Notícias, o Comando da GNR admitiu estar em curso “um processo de averiguações para se apurarem as circunstâncias do sucedido“.

Os guardas em formação terão sido agredidos e humilhados por um formador a que tecnicamente se chama “Red Man”, um guarda vestido de vermelho com luvas de boxe e uma verdadeira armadura de proteções da cabeça aos pés que lutou contra recrutas que tinham apenas um bastão de plástico (de PVC e borracha) e roupa casual (calças e t-shirt).

[O que é a prova de “bastão extensível” que lesionou formandos da GNR? Veja o vídeo:]

O diário refere que oito ou nove recrutas foram “internados no Hospital de São José, de urgência, com narizes partidos, fraturas nos dedos das mãos e, no caso de um deles, lesões oculares”. Começaram por ser assistidos no Hospital de Portalegre, mas foram transferidos para Lisboa devido à gravidade das lesões. Há ainda relatos de outros recrutas que também foram agredidos, mas decidiram não recorrer a assistência médica da enfermaria com medo de represálias.

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Segundo explica o Jornal de Notícias, no atual curso de formação da GNR estão inscritos 599 recrutas, que são divididos em pelotões com entre 35 e 40 alunos.

Governo ordena inquérito

O Ministério da Administração Interna ordenou, este sábado, à Inspeção Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito sobre o caso. Numa nota enviada às redações, o ministério refere que o inquérito visa o “apuramento dos factos e determinação de responsabilidade”.

Segundo o ministério, a confirmarem-se, estes factos “não são toleráveis numa força de segurança num Estado de Direito democrático”. No comunicado, o ministério acrescenta que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “pediu esclarecimentos ao Comando Geral da GNR sobre os factos descritos na notícia”.