Faltavam três passos para que Armando Vara comece a cumprir a pena de prisão de cinco anos no Estabelecimento Prisional (EP) de Évora — a mesma onde José Sócrates esteve preso preventivamente 10 meses às ordens dos autos da Operação Marquês. Um acabou de ser dado: o Tribunal da Relação do Porto enviou no dia 27 de dezembro os autos do processo Face Oculta com nota de trânsito em julgado para o Tribunal Judicial de Aveiro e os mesmos foram distribuídos esta manhã à juíza titular dos autos neste tribunal, segundo noticiou o Expresso. A informação foi confirmada ao Observador por Paulo Brandão, juiz presidente do Tribunal de Aveiro.

O que faz com que faltem as duas últimas decisões processuais:

  • Os autos terão de ser distribuídos ao Ministério Público (MP), sendo imediatamente promovido o mandado de detenção de Armando Vara para condução ao EP de Évora, onde o ex-ministro irá cumprir a sua pena de prisão;
  • A promoção do MP será decidida pela juíza Marta de Carvalho, juíza titular do processo Face Oculta no Tribunal Judicial de Aveiro, cabendo a esta magistrada a decisão de assinar o mandado de detenção.

Também os autos relativos a Manuel Guiomar (ex-quadro da Refer) foram igualmente enviados pela Relação do Porto com nota de trânsito em julgado. Condenado a seis anos e meio de prisão efetiva por um crime de corrupção e quatro de burla, Guiomar deverá ser preso ao mesmo tempo de Vara.

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Segundo Ataíde das Neves, juiz presidente do Tribunal da Relação do Porto, não existem mais autos pendentes naquele tribunal superior. Os restantes autos, nomeadamente em relação a José Penedos (ex-presidente da REN), ao seu filho Paulo (advogado) e a Domingos Paiva Nunes (ex-administrador da EDP) ainda estão pendentes recursos no Tribunal Constitucional. O mesmo se aplica ao principal réu do processo, o sucateiro Manuel Godinho, que viu o Supremo Tribunal de Justiça reduzir a sua pena de prisão de 13 anos, depois da Relação do Porto ter igualmente reduzido a pena original de 17 anos e 6 meses para 15 anos e 10 meses.

Condução à prisão deverá ocorrer na próxima semana

Ao que o Observador apurou, é pouco provável que os mandados de condução à prisão para Armando Vara e Manuel Guiomar sejam emitidos durante esta sexta-feira, o que faz com que o último passo só deva ser dado na próxima semana.

Aliás, a juíza titular dos autos ainda não decidiu a emissão dos mandados de condução à prisão dos primeiros autos de arguidos condenados a prisão efetiva a chegaram a Aveiro. De acordo com a informação prestada esta quinta-feira ao Observador por Paulo Brandão, juiz presidente do Tribunal de Aveiro, os autos relativos a João Tavares, ex-funcionário da Petrogal, e Manuel Gomes, engenheiro, foram os primeiros a chegar a Aveiro mas ainda não foram decididos pela juíza titular dos autos — que terá de confirmar o trânsito em julgado para emitir os mandados de condução à prisão.

Ou seja, João Tavares e Manuel Gomes deverão ser os primeiros condenados do processo Face Oculta a entrarem nos respetivos estabelecimentos prisionais determinados pelo tribunal.  O primeiro foi condenado em primeira instância a cinco anos e nove meses de prisão, por ter recebido 12.500 euros de Manuel Godinho para favorecer o sucateiro Manuel Godinho, enquanto que o segundo vai cumprir pena de prisão de cinco anos por um crime de corrupção e dois de burla. Ambos são aposentados.

De acordo com o Correio da Manhã, a defesa de Armando Vara requereu nos autos que o ex-ministro de António Guterres cumpra a pena no Estabelecimento Prisional (EP) de Évora, invocando a qualidade de ex-secretário de Estado da Administração Interna para fundamentar um problema de segurança para separar Vara dos reclusos comuns. A Direção-Geral dos Serviços Prisionais terá validado essa argumentação já estando tudo preparado para receber o ex-ministro.

Artigo atualizado às 15h06m, tendo sido corrigido o termo errado “mandato” por “mandado”