É difícil ser Cristina Ferreira, diz Cristina Ferreira no programa Alta Definição. A apresentadora portuguesa que está nas bocas do mundo — e cujo novo programa estreia na SIC já na próxima segunda-feira — falou sem inibições sobre a vida privada e, na entrevista conduzida por Daniel Oliveira, relevou que é uma pessoa tímida, calada, que gosta de andar sem maquilhagem e de estar rodeada pela família. Confessou também que não gostou do filho assim que ele nasceu e que também não gostou de estar grávida. Que é controladora na profissão e que “não é fácil de aturar”. Estas são as frases que marcaram a entrevista deste sábado.
Sobre a mudança da TVI para a SIC
- “Custou-me que as pessoas não entendam que estas mudanças são individuais e que tenham sentido como uma traição. A traição tem que ver com o facto de eu ter feito um programa ao lado de uma pessoa a que se habituaram. Nós crescemos juntos e marcámos a televisão. Os dois sabíamos que isto ia acontecer, talvez ele achasse que fosse ele a sair e eu a ficar, talvez não imaginássemos assim. Mas foi assim que aconteceu.”
Sobre o estrelato
- “Sim [é difícil ser a Cristina Ferreira]. Não foi muito difícil no início porque a Cristina ainda tinha alguma liberdade de ação para além da televisão, mas hoje em dia é [difícil]. Sinto que há implicações na minha vida e na vida de todos os que vivem comigo. As pessoas estão à espera que isso aconteça [que eu erre]. (…) É estares-te a balizar constantemente, é sentires-te confiante apenas dentro de casa. Eu só consigo ser a Cristina dentro de casa, hoje em dia. Isso é difícil de lidar. Às vezes as pessoas não percebem porque é que estou a fugir.”
- “Ele [o Tiago] não sabe o que é ser um menino filho de uma mãe que ninguém conhece.”
- “Eu sei que tendo uma profissão com esta exposição pública há coisas que se perdem. (…) Há momentos em que somos dos outros e um bocadinho menos de nós. Entendam que nós existimos para além disso. (…) Eu sou muito calada na minha vida privada, sou a que não faz perguntas, sou a que não dança, sou a que não precisa de maquilhagem nem de saltos altos. Gosto da cara lavada mas não posso ir assim para a rua. Só me sinto Cristina em casa.”
Sobre a vida íntima
- “Não me vou perdoar nunca por ter trazido pessoas a público pessoas por uma escolha minha, fui eu que escolhi a televisão. (…) Há pessoas dessa imprensa (cor de rosa) que eu nunca vou perdoar, fizeram-me muito mal. (…) Eu nunca mostrei a minha casa. Eu nunca lhes abri a porta e eles arrombaram-na e isso eu não perdoo. (…) Aquele período foi tão doloroso para toda a gente que acho que crescemos todos. (…) Houve uma altura em que nós logo às sete da manha víamos a imprensa toda e vi que os meus colegas tiravam determinadas revistas da frente. E pedi “não tirem, quero ler tudo”. nunca deixei nada por ler, chorei muitas vezes e no fim deixaram de me magoar. No fim percebi qual era intenção, mesmo nos piores dias não fiz esforço nenhum para estar em televisão, mas apagava a luz e voltava tudo.”
- “É tu quereres guardar as coisas para ti e elas serem partilhadas com os outros e muitas vezes são partilhadas coisas que não existem. (…) Tu podes ter um jantar cm alguém, uma pessoa que estás a querer conhecer, apanham-te nas fotografias e no dia a seguir está lá escrito “namorado da Cristina” e depois fazer o quê?”
- “Talvez os momentos mais difíceis das figuras publicas são estes de sofrimentos que tens de partilhar com toda a gente. as pessoas já pararam para pensar que quando as pessoas se separam não querem que ninguém saiba?”
- “Não tentem inventar o que não existe. Esta pessoa é das pessoas que mais amo na vida, para sempre, é pai do meu filho, é família para sempre, isso ninguém me via tirar.”
Sobre a família
- “O que eles [a família] me dão é muito mais do que uma festa me pode dar. (…) Sinto que os tenho de aproveitar agora. É a minha família que é a minha estrutura. (…) Em casa não é preciso bater à porta, a família tem a chave de casa.”
- “A minha mãe nunca pediu um tostão ao meu pai. Isso é das coisas que sinto que fizeram o meu caminho. A minha mãe fez tudo aquilo que servia para lhe dar algum dinheiro. Vi como ela de forma independente fez tudo isso. Se isto acabar, eu faço outra coisa qualquer, foi sempre isso que ela fez.”
- “Eu sou do tempo em que só se estreava roupa no Natal e na Páscoa.”
- “Sempre soube que se caísse eu tinha o colo.”
- “Se hoje precisassem que eu fosse para lá outra vez, eu ia [para a feira].”
- “Fazem questão de mostrar esse preconceito muitas vezes [o estigma sobre o meio rural], fizeram questão ao longo destes anos todos . O ‘saloio’ nem sempre foi inocente. Ainda hoje, quanto tentam colocar “a saloia” no título, é para ir buscar esse lado que eles acreditam que sejam menos feliz, quando é aquilo que eu tenho a certeza que me torna melhor. Eu tenho orgulho imenso destas raízes. Não é fácil aceitar que uma miúda chegue do nada num meio onde supostamente se vive de amigos, cunhas e oportunidades criadas pelos mais próximos… De repente, eu vinha de um local que possivelmente ninguém conhecia e chego, imponho-me, consigo crescer e isso nem sempre é fácil, muito menos quando se é uma mulher. E se é gira. (…) Há quem consiga pelo trabalho chegar lá, só pelo trabalho.”
- “No dia em que eu me tornar parva, chamem-me à razão. (…) No dia em que te achares mais do que aquilo que realmente és, alguém que me puxe. Eu ainda não precisei disso porque todos os dias a terra puxa-me. Eu sei que é lá que eu existo.”
- “Sou muito controladora. Já era assim em miúda.”
- “Fui de muitos poucos [namoricos]. Era de paixões, guardava as paixões durante anos.”
Sobre a maternidade
- “Eu não amei o meu filho logo quando o vi, duas horas depois ninguém mo podia tirar, três horas depois era o maior amor da minha vida. Gosto de partilhar isto porque há muitas mulheres que se sentem culpadas de terem sentido isto. Eu não gostei de estar grávida, não foi uma fase que tivesse adorado.”
- “[A última vez que tiveste apaixonada?] Pelo pai do meu filho.”
Sobre o trabalho na televisão
- “Eu entro na televisão porque o Goucha foi de férias.”
- “Ainda hoje não me deslumbro com o dinheiro que tenho. (…) Eu sou muito forreta.”
- “A vida e profissão é que me mostraram que não deves confiar em quase ninguém. É triste porque gosto muito de confiar em pessoas.”
- “Acho que já não tenho nada a provar a ninguém.”
- “Eu não sou fácil de aturar.”