A três semanas de fazer 41 anos, o mundo de Gianluigi Buffon, antigo campeão do mundo de seleções e nove vezes campeão de Itália (que foram 11 mas dois dos títulos foram retirados como consequência do Calciopoli) que falhou apenas o triunfo na Liga dos Campeões numa carreira que o colocou como um dos maiores e mais carismáticos guarda-redes de sempre, sofreu algumas mudanças. Pela primeira vez está a jogar no estrangeiro (PSG), pela primeira vez não é o titular indiscutível – vai alternando a baliza com Areola –, pela primeira vez nos últimos anos não é o dono da braçadeira de capitão. Ainda assim, está feliz em França. E confessa que nem sempre foi tudo perfeito em Itália, onde jogou 17 anos na Juventus após ter começado no Parma.

Buffon, a lenda da Juventus assinou pelo Paris-Saint Germain

“Durante a minha juventude sentia-me omnipotente e invencível. Sentia que era indestrutível, que podia fazer o que quisesse. Era uma loucura sã que tenho presente e que me levou a cometer várias asneiras. Fico satisfeito porque nunca ter esquecido isso mas nunca utilizei drogas. Conheci pessoas de quem se fala muito mas sabe-se pouco, miúdos normais, sonhadores, alguns interessantes, alguns idiotas. Tudo como ultra do Carrarese. O nome do grupo era Comando Ultra Indian Tips. Cheguei a imprimir nas minhas luvas”, confessou à Vanity Fair sobre os seus tempos de ultra do modesto clube.

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“Durante uns meses, tudo deixou de fazer sentido para mim, parecia que nada importava. Era como es estivessem a perguntar pelo Buffon e ninguém quisesse saber do Gianluigi. Foi um momento muito difícil. Tinha 25 anos e estava numa onde de êxitos mas um dia, antes de um jogo para a Serie A, fui ter com o Ivano Bordon, que era o treinador de guarda-redes, e disse-lhe para o Chimenti aquecer e jogar. Não me sentia capaz de fazê-lo, sofri um ataque de pânico”, assumiu o internacional transalpino, sobre um episódio que ocorreu quando estava ainda há poucos anos na Juventus.

A escola italiana de lendas

“Percebi que era o momento decisivo para renunciar ou enfrentar as inseguranças que todos temos. Nunca tive medo de mostrá-las nem de chorar. É algo que que se pode passar e não devemos ter vergonha por isso. Se não tivesse partilhado essa experiência e confusão com outras pessoas, talvez não tivesse conseguido superar”, acrescentou.

Recorde-se que, no início do ano,Gigi Buffon tinha concedido outra entrevista ao Corriere della Sera onde assumiu ter pensado deixar o futebol em 2016 por um episódio muito específico. “Quando joguei contra o Federico Chiesa, da Fiorentina. Fiquei desorientado porque era a primeira vez que jogava contra um filho de um antigo companheiro e nesse momento confesso que pensei ser hora de abandonar o futebol”, salientou, recordando o confronto com o filho de Enrico Chiesa, com quem jogou na seleção italiana e no Parma, no final da década de 90.

Buffon chorou, pediu desculpa e disse adeus. Mas antes deixou (mais) dois grandes exemplos

Depois de ter ganho uma Taça UEFA, uma Taça e uma Supertaça de Itália pelo Parma, Gianluigi Buffon tornou-se um dos jogadores de sempre com mais títulos pela Juventus, somando aos nove Campeonatos mais quatro Taças e cinco Supertaças (além da Serie B, quando a Vecchia Signora foi despromovida no âmbito do Calciopoli), falhando apenas o objetivo da Liga dos Campeões apesar das três finais em que marcou presença – em 2003 frente ao AC Milan, em Manchester; em 2015 diante do Barcelona, em Berlim; e em 2017 com o Real Madrid, em Cardiff. No PSG, onde chegou de forma surpreendente no último verão, já conquistou uma Supertaça e lidera de forma confortável a Ligue 1.

Futebol. Buffon, o guardião de uma equipa sem Champions