Já chegou a Itália o terrorista Cesare Battisti, ex-membro do Proletários Armados pelo Comunismo, condenado a prisão perpétua por quatro mortes e capturado na Bolívia pelas autoridades brasileiras, bolivianas e pela Interpol. De acordo com o Corriere della Sera, Cesare Battisti aterrou às 11h37 (menos uma hora em Portugal Continental) e saiu do avião cercado por agentes especiais. O terrorista sorriu para as câmaras que o esperavam no aeroporto e depois foi recebido pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, e pelo ministro da Justiça, Alfonso Bonafede.

O avião tinha descolado de Vira Viru, em Santa Cruz de La Sierra, a 850 quilómetros da capital da Bolívia, La Paz. Matteo Salvini estava à espera de Cesare Battisti no aeroporto e transmitiu em direto, através das redes sociais, a chegada dele a Roma.

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O vídeo foi publicado na página oficial de Facebook do ministro do Interior italiano com a descrição: “Ao vivo. O deliquente Battisti de regresso a Itália.  O nosso país reencontra um pouco de honra, dignidade e justiça. Esse deve ser um dia de festa para todos os italianos”. De acordo com Salvini, que também publicou fotografias de Battisti no interior do avião, chegou a haver 30 mil pessoas a ver o vídeo em direto. Veja a chegada de Cesare Battisti aqui em baixo.

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Além do vídeo, Matteo Salvini também publicou um longo texto no Facebook onde agradeceu “do fundo do coração” a Jair Bolsonaro pela “mudança de clima político que, juntamente com um positivo cenário internacional onde a Itália voltou a ser protagonista, permitiram esse sucesso esperado há anos, graças às autoridades bolivianas e à parceria de outros países amigos”. O governo brasileiro já se tinha congratulado este domingo com a detenção de Cesare Battisti, defendendo a importância de este responder em Itália “pelos graves crimes que cometeu”.

Logo que aterrou, Cesare Battisti foi levado para a prisão de Rebibbia, onde ficará preso no circuito de alta segurança reservado a terroristas, diz o Corriere della Sera. Nos primeiros seis meses ficará em isolamento diurno.

Brasil comentou detenção de Cesare Battisti

Num comunicado conjunto dos ministérios brasileiros das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública, “o governo brasileiro congratula-se com as autoridades bolivianas e italianas e com a Interpol pelo desfecho da operação de prisão e retorno de Battisti à Itália”. “O importante é que Cesare Battisti responda pelos graves crimes que cometeu”, lê-se. “O Brasil ofereceu facilitar o embarque pelo território nacional e devido à urgência foi encaminhada uma aeronave da Polícia Federal brasileira à Bolívia. No entanto, optou-se pelo envio direto do prisioneiro para a Itália”, acrescenta o Governo brasileiro no mesmo comunicado.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou a detenção de Battisti depois de ter conversado ao telefone com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a quem agradeceu os esforços para a detenção, coordenada com as autoridades da Bolívia. Conte alargou o agradecimento às autoridades bolivianas, acrescentando na mensagem que sente interpretar “o sentimento das famílias das vítimas e de todos os que pediam que se fizesse justiça”.

Battisti, de 64 anos, foi capturado na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra no sábado à tarde. Foi membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, uma ramificação das Brigadas Vermelhas, e foi condenado a prisão perpétua por quatro homicídios entre 1977 e 1979, que nega ter cometido, mas permaneceu em fuga durante perto de 40 anos. Depois de se ter refugiado em França e no México, instalou-se em 2004 no Brasil, onde viveu até à sua detenção em 2007.

O Supremo Tribunal do Brasil aceitou a sua extradição em 2009 numa sentença não vinculatória que deixou a decisão nas mãos do então Chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, que a rejeitou a 31 de dezembro de 2010, no último dia do seu mandato. Desde então, Battisti viveu em liberdade no Brasil, mas em dezembro foi novamente ordenada a detenção “para fins de extradição”, tendo o presidente Michel Temer assinado o decreto de extradição a 14 de dezembro, data a partir da qual o ex-ativista permanecia em fuga.