Bruno Lage ainda não sabia o que era perder no comando técnico da equipa principal do Benfica. Depois de vencer o Rio Ave (4-2), o Santa Clara (0-2), e o V. Guimarães por duas vezes (ambas por 0-1), uma para a Taça de Portugal e outra para o Campeonato, o treinador encarnado perdeu esta terça-feira pela primeira vez e foi eliminado nas meias-finais da Taça da Liga pelo FC Porto, falhando a final da competição em que o clube é recordista de vitórias (sete).

O jogo do empurra onde o mais desequilibrado nunca caiu (a crónica do Benfica-FC Porto)

Depois de um jogo muito marcado pelas intervenções da equipa de arbitragem – Carlos Xistra validou os primeiros golos de FC Porto e Benfica, anulando o segundo dos encarnados por fora de jogo de Rafa que daria novo empate antes do intervalo –, Bruno Lage garantiu que “não comenta a arbitragem” mas acabou por fazê-lo, por meias palavras ou palavras inteiras. “A diferença? A diferença é marcar golos. Foi como disse nos jogos em Guimarães. Faz a diferença quem marca golos. O FC Porto marcou três golos e contou, nós marcámos mais golos e não contaram. Mas isto é assim. O resultado certo seria o empate 2-2. A segunda parte foi muito melhor da nossa parte, controlámos até ao momento em que arriscámos com dois avançados, nos últimos dez, 15 minutos. Colocámos o Félix por dentro e o Salvio bem aberto de forma a tentar chegar ao empate. Nessa altura, o FC Porto fez o 3-1 numa transição e matou o jogo”, explicou o treinador encarnado.

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O Benfica foi para o intervalo a perder por 2-1 e viu Carlos Xistra anular o golo do empate no último lance da primeira parte. Sobre aquilo que disse aos jogadores no balneário, Bruno Lage garantiu que não mencionou o lance do golo invalidado. “Não falei sobre isso, falei sobre o que tínhamos de fazer na segunda parte. Falei sobre o que é nosso, não falo sobre os outros. Entrámos muito bem na segunda parte. Não fizemos o empate e tenho muita pena. Saímos derrotados desta competição”, acrescentou o treinador da equipa da Luz, que explicou que sentiu que o Benfica “ganhava o jogo se marcasse”. “Começámos a sentir a nossa força e o FC Porto começou a recolher, passou de 4x4x2 para 4x3x3 e sentimos que era o momento de arriscar. Não marcámos e parabéns ao FC Porto”, atirou.

Sobre as alterações táticas que Bruno Lage tem colocado em prática desde que Rui Vitória deixou a equipa, o treinador explicou que “acredita muito” naquilo que os jogadores fizeram. “Temos de assumir a responsabilidade pelo jogo que queremos jogar. Os jogadores nem sempre tiveram a coragem pretendida. Perdemos bolas a tentar o jogo que queremos. O que eu senti é que temos hipóteses de crescer e disputar os jogos todos até ao fim. Ponto final”, concluiu o técnico encarnado. Já na conferência de imprensa e novamente questionado sobre a arbitragem e o golo anulado a Pizzi, Lage voltou a referir que não comenta as decisões dos árbitros – mas voltou a fazê-lo, de forma indireta, a propósito desse momento em cima do intervalo.

“Não costumo falar de arbitragens, nem o vou fazer. É importante refletir a credibilidade do produto. Treinamos para jogar melhor. Quando acontecem coisas que, com ajuda das imagens são simples de ver se é ou não é e depois assobia-se para o lado e não se verifica aquilo que é… Isto não torna o jogo credível e as pessoas vão-se afastando do futebol. Vamos no segundo ano de VAR e se não tornarmos estas questões mais credíveis, as pessoas vão-se afastando do futebol. E depois vamos ter problema sérios. Não vamos ter público e emoção. Temos de jogar melhor, temos jogadores e treinadores a conquistar a Europa. Temos de dar credibilidade às coisas. Se há possibilidade de ver, entre o é e o não é há uma diferença enorme”, sentenciou o treinador.