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O jogo do empurra onde o mais desequilibrado nunca caiu (a crónica do Benfica-FC Porto)

Este artigo tem mais de 5 anos

Benfica conseguiu provocar desequilíbrios anormais na solidez do FC Porto e não aproveitou; quando os dragões viram a falta de equilíbrio do adversário mataram o jogo e ganharam por 3-1.

FC Porto garantiu o apuramento para a terceira final da Taça da Liga após um clássico eletrizante sobretudo na primeira parte
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FC Porto garantiu o apuramento para a terceira final da Taça da Liga após um clássico eletrizante sobretudo na primeira parte

HUGO DELGADO/LUSA

FC Porto garantiu o apuramento para a terceira final da Taça da Liga após um clássico eletrizante sobretudo na primeira parte

HUGO DELGADO/LUSA

O discurso de Sérgio Conceição e Bruno Lage no lançamento do segundo clássico da época, este a eliminar e numa meia-final, não foi muito diferente na substância mas encontrou as suas nuances na forma. O treinador portista, que chegou atrasado depois do “treino de lances de bola parada”, falou com um grande enfoque no passado e nas duas meias perdidas frente ao Sporting na última temporada (Taça da Liga e Taça de Portugal) que ainda não foram esquecidas pela injustiça do desfecho. Havia até um certo sentimento de vingança no ar, mesmo que o adversário fosse diferente. Já o técnico benfiquista, que chegou atrasado para abordar o jogo depois do homónimo azul e branco, falou em especial do futuro e da forma como quer a equipa “com mais bola, mais jogo, mais controlo e mais domínio” no contexto de um novo sistema. Havia a esperança na capacidade de ir alterando com sucesso processos e dinâmicas. Entre passado e futuro, conta o presente. E esse não dá margem para suposições.

FC Porto vence Benfica por 3-1 e está na final da Taça da Liga pela terceira vez na história

O FC Porto é uma equipa com um processo completamente consolidado, que construiu dois planos alternativos que vai mudando face ao tipo de jogo e adversário em causa, que tenta ter sempre o controlo do encontro com mais ou menos bola para perceber a melhor forma de decidir, a abrir ou a fechar. O Benfica é uma equipa com um processo em consolidação, que tinha um plano principal e atua agora num outro, que procura apostar nos pormenores e nos detalhes para ganhar vantagem sobre o adversário. Aquilo que se viu, num jogo completamente frenético desde o primeiro minuto (de forma literal), foi um encontro onde as transições ofensivas ganharam quase sempre às defesas, entre as dores de crescimento do plano encarnado e as dores próprias da idade do plano azul e branco. Ganhou a festa e o futebol – pelo menos até à polémica pelos lances duvidosos.

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A vitória acabou por cair para o lado do FC Porto, que chega à terceira final da história na Taça da Liga após o triunfo por 3-1 frente ao Benfica. No entanto, entre o final da primeira parte e metade do segundo tempo, podia ter ganho outro rumo com uma melhor capacidade de finalização dos encarnados. Essa é uma das lições que se retira também deste clássico, bem acima dos últimos em termos de aproximações, oportunidades e golos: se é certo que o conjunto de Sérgio Conceição aparece nesta fase da temporada como o mais forte em Portugal, o trabalho de Bruno Lage pode trazer uma história mais competitiva à segunda volta do Campeonato. Porque se o futebol é feito de detalhes, como o próprio admitiu, hoje foi aí que falhou. O Benfica conseguiu ser uma das equipas que mais desequilíbrios provocou na solidez do FC Porto mas não aproveitou; o FC Porto percebeu a falta de equilíbrio do Benfica no final e “matou” o jogo. E esta é a maior definição de maturidade numa equipa.

Ficha de jogo

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Benfica-FC Porto, 1-3

Meia-final da Taça da Liga

Estádio Municipal de Braga

Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

Benfica: Svilar; André Almeida (Salvio, 83′), Rúben Dias, Jardel, Grimaldo; Samaris, Gabriel (Gedson Fernandes, 60′); Pizzi (Castillo, 71′), Rafa, João Félix e Seferovic

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Alfa Semedo, Zivkovic e Cervi

Treinador: Bruno Lage

FC Porto: Vaná; Éder Militão, Felipe, Pepe, Alex Telles; Herrera, Óliver Torres; Corona (Bruno Costa, 64′), Brahimi (Fernando Andrade, 77′); André Pereira (Soares, 60′) e Marega

Suplentes não utilizados: Casillas, Mbemba, Jorge e Hernâni

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Brahimi (24′), Rafa (31′), Marega (35′) e Fernando Andrade (86′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Alex Telles (13′), Seferovic (45′), Jardel (55′), André Pereira (57′), Gedson Fernandes (64′), Felipe (71′) e Soares (90+2′)

Além da aposta em guarda-redes suplentes dos dois lados (Svilar e Vaná), houve mais duas surpresas nos onzes iniciais. Uma, no caso do FC Porto, por causa dos regulamentos: como Danilo Pereira não recuperou a tempo e Pepe era o único jogador com três anos de formação local, André Pereira teve de saltar para a titularidade no ataque. Outra, no lado do Benfica, por uma questão de estratégia: já nas condições físicas ideais, Rafa é o jogador mais de ala que melhores condições reúne para interpretar as ideias de Lage neste novo 4x4x2 onde existem muitos movimentos interiores e exploração da profundidade. Se o primeiro teve pouca ou nenhuma influência, o segundo foi preponderante. E não demorou a deixar os primeiros avisos na área contrária.

Ainda dentro do primeiro minuto, e já depois de ter ficado a protestar uma falta na área, Moussa Marega aproveitou o remate numa segunda bola de Brahimi que acabou por virar assistência para ficar isolado em frente a Svilar na área mas o guardião dos encarnados teve a “mancha” perfeita e evitou o primeiro golo (1′). Logo a seguir, o Benfica ganhou o primeiro canto do encontro, João Félix surgiu sozinho ao segundo poste para cabecear para defesa de Vaná e os centrais Jardel e Rúben Dias acabaram por se atrapalhar com tanta vontade de fazer a recarga (2′). Mais um canto, mais uma insistência, mais um lance perigoso, com Rafa a ganhar na área e a rematar cruzado para nova intervenção do guarda-redes brasileiro (4′). E ainda faltava aparecer a magia de Corona, que conseguiu inventar uma transição rápida onde ficou a protestar na área após cair na área (8′). Bola cá, bola lá e mais oportunidades de perigo em dez minutos do que em toda a última primeira parte do Sporting-FC Porto…

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-FC Porto em vídeo]

O FC Porto, aquela equipa que só muito raramente concede oportunidades às equipas contrárias em transições, continuava a ver o Benfica encontrar caminhos para sair rápido e colocar com poucos passes a bola na área em zona de tiro, como aconteceu com João Félix aos 17′. O Benfica, aquela equipa que nos últimos jogos tinha cortado de forma exímia todos os espaços entre linhas e na zona entre lateral e central, continuava a abrir onde não costumava, como aconteceu com André Pereira aos 20′, após passe de Herrera. E ainda houve mais um lance com muito perigo na área das águias que foi desperdiçado por Felipe, no seguimento de uma bola parada (21′). Svilar e Vaná continuavam a surgir como figuras proeminentes no encontro mas, pela forma como o clássico corria, o aparecimento dos golos parecia ser algo inevitável. De minutos. E foram três quase de rajada.

Em todos eles, como é habitual, o mérito pertence a quem marca. A quem passa. A quem imagina. No entanto, todos os golos tiveram também uma anormal dose de culpa própria de quem sofreu. Sempre que existe uma ação ofensiva que obtém sucesso, há também o aproveitamento de um erro contrário. Aqui não foi exceção, com a diferença de dar um pouco mais nas vistas. No 0-1, apontado por Brahimi aos 24′ numa recarga após defesa de Svilar quando Marega apareceu de novo isolado na área, tudo começou numa bola perdida por Gabriel a meio-campo, muito protestada pelos encarnados que pediram falta – o VAR viu, falou com Carlos Xistra e o lance foi validado. No 1-1, marcado por Rafa aos 31′ numa recarga após defesa de Vaná a remate isolado na área de Seferovic, uma perda de bola no corredor central dos azuis e brancos permitiu aos encarnados partirem com vantagem numérica para uma saída em 4×3 – o VAR teve dúvidas sobre a receção do suíço, Carlos Xistra confirmou nas imagens e o lance foi validado. No 1-2, feito por Marega aos 35′ após assistência de Corona, houve uma clara desconcentração da defesa encarnada e uma queda de Grimaldo que permitiu ao maliano ficar sozinho para o toque final.

Havendo ou não alguma equipa em vantagem, o clima fervoroso que se vivia nas bancadas em Braga parecia trazer para o relvado um descontrolo emocional anormal no FC Porto e no Benfica. Sobretudo até nos dragões: já depois de Seferovic ter rematado numa boa zona ao lado (40′), as águias conseguiram ter uma saída onde passaram o meio-campo com uma vantagem de 3×1, Rafa avançou isolado após ter sido desmarcado pelo suíço e assistiu Pizzi para o golo que, no final da jogada, acabou por ser anulado. Da parte do árbitro assistente, tudo correto: deixou o lance seguir e, após a sua conclusão, assinalou aquilo que para si era uma posição irregular; depois, o VAR assistiu às repetições e considerou que Rafa estava mesmo adiantado. O intervalo chegou com o banco e os adeptos encarnados à beira de um ataque de nervos, numa decisão que ainda dará muito que falar – quer em lance corrido, quer nas repetições, não existe qualquer imagem que deixe claro se há ou não irregularidade.

Podia ter sido uma espécie de canto de cisne. Depois de 45 minutos tão eletrizantes e com tantos erros individuais e coletivos sempre bem explorados, dificilmente se poderia pensar que continuassem a existir tantas e tão flagrantes oportunidades. Porque o normal era que existissem correções, dos dois lados; se existiram, não se notaram à primeira vista. E o Benfica demorou apenas dois minutos até conseguir explorar a profundidade em transição, com Seferovic a rematar à malha lateral da baliza de Vaná quando tinha espaço para fazer melhor (47′). Pouco depois, e no seguimento da marcação rápida de um livre, André Almeida assistiu João Félix mas o miúdo deslumbrou-se com tantas facilidades e atirou ao lado quando tinha tempo para fazer melhor (54′). Rafa, a concluir mais uma boa jogada ofensiva, atirou para as nuvens em boa posição (62′). E ainda houve uma jogada confusa em que Marega quase ia enganando Vaná de forma inadvertida na sequência de um canto (66′).

Com as substituições, começou a haver mais FC Porto e menos Benfica. Porque se do lado dos dragões Soares deu outra presença que não permitiu aos centrais encarnados saírem também com bola e Fernando Andrade recuperou a velocidade na ala que já faltava a Brahimi, nas águias Gedson Fernandes nunca conseguiu ter o protagonismo em termos de verticalidade que era necessário no meio-campo, Castillo voltou a ser inexistente no ataque e Salvio em vez de desequilibrar o adversário em termos posicionais até contribuiu para que a equipa ficasse mais exposta quando perdia a bola. E foi dessa forma que Fernando Andrade, a quatro minutos no final, surgiu isolado frente a Svilar para dar a estocada decisiva no clássico.

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