O nome Henri Ruggieri diz-lhe alguma coisa? A Henri Adam, da leiloeira francesa Adam Encheres, também não dizia até ao final de 2018, altura em que foi contactado para avaliar e organizar uma venda daquelas que estão longe de se enquadrar no âmbito da normalidade. Porquê? Porque Adam teria de descobrir que relíquias sobre rodas Henri Ruggieri, descrito como um “comprador compulsivo” com uma tremenda paixão por automóveis, tinha deixado aos seus sucessores. E “descobrir” é mesmo o termo, pois o cenário com que a equipa de “resgate” se deparou é quase indescritível: mais de 80 viaturas, algumas delas clássicos, completamente tapadas por lixo, ocultas entre a vegetação ou escondidas em celeiros praticamente abandonados, com o tecto quase a ruir. E, para mais, dispersas por cinco locais, levando a que os técnicos da Adam Encheres se tivessem de dedicar a uma autêntica caça ao tesouro, antes de estarem reunidas as condições para poderem avaliar e catalogar os exemplares que iriam a leilão.

A missão, primeiro inesperada, depois quase impossível, acabou por acontecer. A venda decorreu no passado domingo, em Tarbes, quase um ano após a morte de Ruggieri, homem só que faleceu aos 80 anos de idade e sem deixar descendentes directos. Segundo a imprensa francesa, foi preciso contratar um genealogista para lhe descobrir cinco primos distantes com direito à herança.

Os familiares decidiram alienar a colecção tal qual ela se encontrava. Ou seja, com muitas unidades quase numa lástima mas, ainda assim, passíveis de conseguirem um bom preço, por se tratarem de modelos “virgens” – no seu estado original e, alguns deles, com pouquíssimo uso. Uma base perfeita, portanto, para coleccionadores interessados em restaurá-los e valorizá-los.

A estrela da licitação foi um Lamborghini Miura P400 de 1968, raríssimo, que encontra na galeria. O desportivo italiano, número 118 de uma edição limitada a 275 unidades, foi arrematado por 560 mil euros. Isto apesar de ter alguns sinais de corrosão e marcar 77.886 km. Mas não se pense que foi o falecido Ruggieri quem o aproveitou. Nada disso. O francês adquiriu-o a um belga em 1996 e, de seguida, “arrumou-o” num armazém empoeirado ao lado de outras máquinas…

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Da colecção faziam parte modelos clássicos, como um Jaguar E-Type de 1961 (90 mil euros) ou um Porsche 356 Pré-A de 1953 (48 mil euros), mas também vários veículos mais recentes, incluindo um Peugeot 306 dos anos 90, um Citroën C3 e Mercedes 300D, vários Volkswagen Golf e até uma Ford Transit. E mais, muito mais, pois a indústria americana também estava representada em quantidade, como pode ver na (extensa) lista abaixo com o descritivo dos modelos encontrados e o estado em que se sujeitaram ao martelo.

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