No conjunto de documentos relacionados com o assalto aos paióis de Tancos, que o Exército enviou ao Parlamento, ficou de fora um anexo. Mas esse não é um anexo qualquer: o CDS nota que nenhuma das comunicações feitas a partir do momento em que foi detetado o assalto àquelas instalações chegou aos deputados da comissão de inquérito. O Exército ainda não respondeu à insistência da Assembleia da Republica para que essas páginas sejam disponibilizadas à comissão de inquérito.
A denúncia foi feita esta tarde pelo deputado António Carlos Monteiro, no mesmo dia em que o coronel João Paulo de Almeida, comandante da Unidade de Engenharia — que estava de guarda aos paióis no momento do assalto —, é ouvido na comissão de inquérito. O CDS exige que, com “a máxima urgência”, sejam enviadas as comunicações “que deviam estar anexas” ao documento original.
O deputado refere que, no relatório que o oficial de dia redigiu sobre aquele momento crítico, e a que os deputados pediram para ter acesso no âmbito da comissão de inquérito, é feita referência a um “anexo” em que constariam todas as comunicações feitas nas horas críticas a seguir ao furto, nalgum momento entre os dias 27 e 28 de junho de 2017. Mas, ao Parlamento, não chegou qualquer anexo.
Depois de os deputados do CDS se aperceberem dessa ausência, esta terça-feira os serviços da Assembleia da República voltaram a contactar o Exército, para pedir que fosse disponibilizado, finalmente, esse anexo. Até ao momento, não chegou qualquer resposta à Assembleia.
Esta quarta-feira, o coronel de engenharia João Paulo de Almeida vai ser ouvido pelos deputados. Será a audição mais relevante até ao momento para perceber o contexto em que o assalto foi detetado, quais as medidas tomadas e que contactos foram feitas nesses primeiros momentos.
Equipa reduzida. E a descansar
Mas os documentos que foram chegando aos deputados da comissão de inquérito nas últimas semanas — entre inquirições a militares e documentos da inspeção interna do Exército — permitem perceber alguns detalhes. Por exemplo: quando deviam ser oito, estavam apenas seis militares de guarda aos paióis. E estavam todos a descansar.
No momento em que o assalto terá ocorrido, nem o sargento nem o cabo estariam nos Paióis Nacionais de Tancos. Apenas os seis soldados se encontravam nas instalações. Mas, apontam os militares ouvidos na inspeção interna, nas horas que antecederam o assalto não foram realizadas quaisquer rondas ao perímetro dos paióis — nem a pé nem de jipe, até porque, como o Observador já tinha avançado, não havia viaturas disponíveis para fazer rondas dessa forma.
Na verdade, os relatos feitos pelos militares referem que o facto de não estar nos paióis o dispositivo completo previsto para a segurança não foi a única falha. Os seis soldados que estavam na casa de guarda estavam, segundo esses relatos, a dormir. “Sabendo-se tudo isto, apenas foram punidos um sargento e um cabo”, refere o deputado do CDS.