O primeiro-ministro de Cabo Verde defendeu esta sexta-feira a expansão da língua portuguesa para Estados com outras línguas oficiais, mas reconheceu que “o dinheiro é importante” para essa e outras missões do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).

“O dinheiro é importante. É importante também a visão, a determinação”, afirmou Ulisses Correia e Silva aos jornalistas, na cidade da Praia, após atribuir à ex-diretora-executiva do IILP Marisa Mendonça a Medalha de Dedicação pelas “excecionais qualidades e espírito de respeito e dedicação no desempenho de funções públicas”.

Para o chefe do Governo cabo-verdiano, Marisa Mendonça “conseguiu fazer com muito pouco”, mas recordou que “há um compromisso dos chefes de Estado e do Governo [da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)] de garantir as condições financeiras para que o IILP possa desempenhar cada vez mais as suas atribuições e missões”.

Esse compromisso, assumido na última cimeira da CPLP, que decorreu na ilha do Sal, Cabo Verde, em julho do ano passado, passa pelo “pagamento das quotas em atraso e da regularização dos pagamentos em atraso, assim como os investimentos necessários para a promoção da língua”, recordou o primeiro-ministro de Cabo Verde.

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O IILP tem um orçamento de 300 mil euros, mas a sua ação tem sido limitada devido à falta de financiamento, tendo em conta os atrasos no pagamento das quotas por parte de alguns Estado-membros da CPLP. Antes da cimeira do Sal, o instituto tinha dívidas de quotas que ascendiam a 800 mil euros.

Ulisses Correia e Silva considera que a missão do IILP é “projetar a língua portuguesa nos diversos domínios: arte, cultura, economia, naquilo que representa em termos da identidade e de união dos diversos países que fazem parte da CPLP”.

E defendeu ainda “uma projeção internacional” para “ter, cada vez mais, a língua portuguesa em outros espaços, outras regiões com línguas oficiais diferentes”.

Para a galardoada com a Medalha de Dedicação, esta atribuição é uma honra que vem selar “um compromisso já assumido com Cabo Verde, a título profissional e pessoal”.

“Não esperava esta distinção e espero ser merecedora de um ato desta natureza”, disse, reconhecendo que a importância de Cabo Verde neste momento é “máxima”, uma vez que preside à CPLP e que o IILP reside neste país.

Para o futuro, Marisa Mendonça defende a “continuação do desenvolvimento de projetos já cimentados, como o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) da Língua Portuguesa e o Portal do Professor”, entre outros. “A continuidade tem de ser uma palavra de ordem no IILP”, afirmou.

O seu sucessor, o guineense Incanha Intumbo, considerou a homenagem “oportuna”. Trata-se do “reconhecimento de um trabalho feito em condições não muito fáceis”, disse, elegendo como o seu primeiro desafio substituir Marisa Mendonça nas funções.

Sobre as dificuldades que o IILP atravessa, Incanha Intumbo disse acreditar que “os países vão honrar os seus compromissos assumidos no âmbito da CPLP”.

“Os países reconhecem a importância do IILP, na difusão da língua portuguesa e penso que essa questão vai ser ultrapassada aos poucos”, adiantou.

O IILP tem por objetivos fundamentais a promoção, a defesa, enriquecimento e difusão da língua portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e de utilização em fóruns internacionais.