Durante 11 semanas, a procuradoria de Nova Iorque expôs argumentos e interrogou testemunhas para sustentar a longa lista de acusações imputadas ao mexicano Joaquin Guzmán. Esta terça-feira, chegou a vez da defesa — e de uma surpresa: os advogados do homem conhecido por “El Chapo” precisaram apenas de 30 minutos.

A sessão de julgamento teve lugar no Tribunal Federal de Brooklyn, em Nova Iorque, EUA. “El Chapo” é suspeito de ter dirigido um dos cartéis de droga mais poderosos do mundo. Além do pouco tempo que a sessão durou, Jeffrey Lichtman, advogado de defesa, chamou apenas uma testemunha a depor, tendo também entregue um documento, como prova, de acordo com o The Guardian. Logo de seguida, deu o seu trabalho como concluído.

Se for condenado, Guzmán arrisca a prisão perpétua. O arguido é também suspeito de estar à frente de uma campanha de assassínios e sequestros e da lavagem de milhares de milhões de dólares, que a sua defesa entende como sendo crimes fabricados.

Apesar de ser prática comum o facto de os advogados de defesa chamarem poucas ou nenhumas testemunhas, o caso de El Chapo tem a sua particularidade. A breve defesa de Guzmán contrapôs-se, de certo modo, ao amplo caso levado a cabo pelo governo, que contou com 56 testemunhas ao longo deste tempo. Entre estas, estiveram colaboradores que descreveram como é que o famoso chefe do cartel de Sinaloa conduzia o seu império de tráfico de cocaína.

A lista de provas apresentadas pela acusação em tribunal inclui dados impressionantes, como depoimentos de testemunhas, mensagens de texto, escutas telefónicas, apreensões de droga e cartas escritas à mão. É um conjunto de elementos que não deixa dúvidas ao Governo: El Chapo “foi membro de uma conspiração de narcóticos como um dos líderes do cartel de Sinaloa”.

Durante o interrogatório das testemunhas de acusação, os colaboradores foram questionados sobre os seus antecedentes criminais e os acordos que firmaram com os procuradores, que poderiam tornar as suas sentenças mais curtas. Aos olhos dos advogados de defesa, isso é um incentivo para encurralar Joaquin Guzmán.

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