Nesta segunda-feira o PCP reagiu em comunicado ao reconhecimento, pelo Governo português, de Juan Guaidó como Presidente da Venezuela. Problema: a fotografia que acompanhava a nota, e que foi partilhada em vários media venezuelanos, deveria ser da manifestação de apoio a Nicolás Maduro em Caracas, no passado sábado, mas poderá tratar-se afinal de uma imagem manipulada.

O caso começou logo a ser denunciado nas redes sociais no sábado, depois de a imagem ter ter sido transmitida nas televisões pró-Maduro e publicada em vários órgãos de informação, inclusive na capa de um dos diários venezuelanos mais vendidos, o Últimas Notícias. O prédio que aparece no canto superior direito aparece em construção, ainda em tijolo, quando na verdade está já construído e habitado. Ou seja, a metade superior da fotografia poderá ter sido acrescentada com recurso a técnicas de manipulação de imagem, aumentando o número de pessoas presentes na manifestação que assinalava os 20 anos do chavismo.

Isto é o que dizem vários utilizadores do Twitter, incluindo jornalistas venezuelanos. “O diário Últimas Notícias publica hoje na sua primeira página uma foto da manifestação de ontem dos chavistas na avenida Bolívar, mas acontece que um edifício que já está terminado e habitado aparece na foto como estando em construção. Mentirosos! Que indignidade!”, lê-se numa publicação do jornalista e comentador venezuelano Pedro Luis Flores.

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Outro jornalista, Gabriel Bastidas, acrescenta um vídeo com as imagens televisivas da manifestação pró-Maduro, que culminou numa concentração na avenida Bolívar, seguidas das supostas imagens reais filmadas da janela, onde se vê que a afluência não é a mesma da fotografia que estava a ser veiculada.

https://twitter.com/gbastidas/status/1091793799230210050?s=12

Também Julio César Fernández Toro‏, um professor de Direito Constitucional da Escola de Estudos Políticos e Administrativos da Universidade Central de Venezuela, denunciou o caso no Twitter.

https://twitter.com/fernandeztoro/status/1092060207755284482

Os alertas começaram a circular nas redes sociais logo no dia da manifestação, no sábado, mas ainda assim o PCP, em Portugal, não atentou para os alertas e reproduziu-a, esta segunda-feira, no comunicado divulgado na página do partido.  É nesse comunicado que o PCP “condena o ‘reconhecimento’ e apoio anunciado pelo Governo do PS, com o apoio do PSD e CDS, ao ‘presidente’ fantoche nomeado pela Administração Trump para a Venezuela, que contou com o apoio imediato de Bolsonaro, numa intolerável afronta à soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela, ao povo venezuelano, à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional”.

Um site de fact checking venezuelano que opera a partir dos EUA, o Verifikado, procurou responder à pergunta sobre se o regime de Maduro manipulou as imagens da concentração do dia 2 de fevereiro e, baseando-se em vários tweets daquele dia, conclui que sim, houve manipulação. “Televisões e jornais chavistas usaram imagens de marchas anteriores muito concorridas para substituir as de 2 de fevereiro passado”, lê-se na conclusão.