A França chamou o seu embaixador em Itália para consultas após uma série de “declarações ultrajantes” e “ataques infundados” e sem “precedente” de responsáveis italianos, anunciou esta quinta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
“A França tem vindo a ser alvo, há vários meses, de acusações repetidas, de ataques infundados, de declarações ultrajantes que todos conhecem”, declarou a porta-voz do Quai d’Orsay num comunicado. “Isto não tem precedente desde o final da guerra (…). As últimas ingerências constituem uma provocação adicional e inaceitável”, adiantou Agnès von der Muhll.
Na terça-feira, o vice-presidente do governo italiano e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, reuniu-se em Paris com um porta-voz dos “coletes amarelos”, Christophe Chalençon, e com a promotora de uma lista deste movimento às eleições europeias, a Reunião de Iniciativa Cidadão, Ingrid Levavasseur.
Os “coletes amarelos” estão mobilizados há várias semanas contra o Presidente Emmanuel Macron. Di Maio anunciou nas redes sociais ter-se encontrado com responsáveis dos “coletes amarelos”, tendo escrito que: “O vento da mudança atravessou os Alpes”.
O encontro seguiu-se a uma série de declarações fortes contra o Governo francês, quer de Di Maio, quer do ministro do Interior italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini. Este último já disse esperar que o povo francês se liberte em breve de um “muito mau Presidente”, declarações inéditas entre responsáveis de países fundadores da União Europeia. “Haver desacordos é uma coisa, instrumentalizar a relação com objetivos eleitorais é outra”, adiantou a porta-voz.
A campanha para as eleições europeias não pode justificar a falta de respeito por cada povo ou a sua democracia”, sublinhou Agnès von der Muhll, insistindo que todos aqueles atos “criam uma situação grave que levanta questões sobre a intenção do governo italiano em relação à sua relação com França”.
Matteo Salvini tenta organizar uma frente europeia da extrema-direita contra os pró-europeus encarnados nomeadamente pelo chefe de Estado francês tendo em vista as eleições europeias, marcadas para 26 de maio, segundo a agência France-Presse.