Na Rua de Santos Pousada era descrito como uma pessoa “calada e apressada”, que frequentava o café do bairro e a mercearia nas redondezas. Fernando Cruz, um idoso de 67 anos, foi encontrado morto no primeiro andar do número 687 daquela rua portuense, onde morava há mais de sete anos. O corpo exibia sinais de grande violência, marcas de “murros e pontapés” que o deixaram quase “desfigurado”, de acordo com a Polícia Judiciária.

PJ detém jovem estrangeiro de 20 anos suspeito de matar amigo no Porto

Suspeita-se que na origem do crime poderão ter estado motivos passionais. A vítima e o alegado agressor, um jovem de 20 anos procurado internacionalmente, eram amigos, diz a PJ. Fernando já terá sido visto no local na companhia de outro jovem. O suspeito do crime também já tinha sido visto na Rua de Santos Pousada, embora ninguém associe um ao outro.

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O idoso foi visto com vida pela última vez numa mercearia do bairro, na segunda-feira ao início da tarde. O reformado deslocava-se até à loja várias vezes por semana, para fazer pequenas compras. Passava à frente na fila, porque estava sempre com pressa, e era um homem de poucas palavras. Cliente assíduo do café situado na mesma rua onde morava e onde o crime foi perpetrado,  demorava pouco tempo nas idas ao estabelecimento. Em dias de jogo do Benfica, ficava a ver o futebol.

O primeiro sinal de que algo estava mal foi o facto de as janelas do primeiro andar do prédio onde morava o homem reformado terem ficado abertas toda a noite de segunda-feira, algo que não é normal, pelo menos no inverno, contou um morador do bairro. Terá sido uma vizinha a dar o primeiro alerta para as autoridades, logo na terça-feira de manhã.

Mas há uma versão que contraria este dado. Segundo o jornal Correio da Manhã, o jovem espanhol de 20 anos que está detido terá saído do prédio “ainda ensanguentado” e terá pedido ajuda “a um operário da construção civil”, que estava a trabalhar num edifício ao lado, isto na segunda-feira. O jovem terá dito “que tinha havido uma rixa entre vizinhos” e pedido ao trabalhador “que chamasse o INEM”.

Não foi possível apurar se esta chamada para o 112 chegou a ser feita. A PSP reafirmou apenas que recebeu o alerta esta terça-feira de manhã. Ao Observador, no local, vários residentes disseram que não se aperceberam de nada, incluindo um morador do mesmo prédio que, à hora que se pensa ter acontecido o homicídio, estava em casa.

Fernando foi agredido até à morte, com “vários murros, joelhadas e pontapés”, alegadamente pelo jovem de 20 anos de nacionalidade espanhola.

Ao Observador, fonte do Comando Metropolitano do Porto da Polícia de Segurança Pública confirmou que o alerta foi dado foi às 9.15 horas de terça-feira, através de uma chamada para o 112. Chegada ao local, a PSP fez as primeiras diligências e, perante a gravidade da situação, encaminhou o caso para a Polícia Judiciária.

O suspeito do homicídio, com antecedentes criminais, foi detido esta quarta-feira pela Polícia Judiciária do Porto, e já foi ouvido num primeiro interrogatório. O crime terá acontecido na segunda-feira.

De acordo com o Jornal de Notícias, o jovem espanhol de 20 anos tem pendente um mandado de detenção europeu e internacional para cumprimento de pena de 14 anos prisão, em Espanha, por ter sido condenado pela prática de um crime de homicídio na forma tentada e um de roubo, ocorridos em 2017.

O suspeito está detido. O interrogatório no Tribunal de Instrução Criminal do Porto prossegue esta quinta-feira.