A portuguesa Joana Niza Braga está entre os distinguidos dos norte-americanos Cinema Audio Society (CAS) Awards, que premeia filmes tendo em conta apenas o som, com o trabalho como ‘foley mixer’ no documentário “Free Solo”, foi hoje anunciado.
“Free Solo” venceu o prémio na categoria de documentário, distinguindo, além de Joana Niza Braga, Jim Hurst (‘production mixer’), Tom Fleischman (‘re-recording mixer’), Ric Schnupp (‘re-recording mixer’), Tyson Lozensky (‘scoring mixer’) e David Boulton (‘ADR mixer’), foi anunciado na 55.ª cerimónia dos CAS Awards, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O documentário da National Geographic, no qual os realizadores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi acompanham o alpinista norte-americano Alex Honnold na escalada, sem cordas ou proteções, da parede de granito El Capitan, com 900 metros de altura, situada no Parque de Yosemite, nos Estados Unidos, conta ainda na ficha técnica com outro português: Nuno Bento.
Joana Niza Braga e Nuno Bento, ambos de 27 anos, são, respetivamente, ‘foley mixer’ e ‘foley artist’ do documentário.
O trabalho dos dois portugueses foi “todo feito remotamente”, a partir de Lisboa, na pós-produtora de cinema Loudness Films, onde há “um estúdio de ‘foley’ bastante grande”, contou aquela profissional, em declarações à Lusa, na semana passada.
O ‘foley’ permite criar sons que por vezes não são captados nas rodagens. Com o ‘foley’, é possível “criar a ilusão de que existe essa proximidade com as personagens que estão no ecrã”.
“Por exemplo, temos o Alex a escalar e nós conseguimos ouvir a parede e todo o material dele, quando na verdade é tudo falso. É tudo criado por nós: pelo ‘foley artist’ e pelo ‘foley mixer’, que juntos trabalhamos para conseguir tornar esse som verdadeiro para aquilo que estamos a ver”, desvendou.
O processo é feito com o ‘foley mixer’ na régie e o ‘foley artist’ num estúdio ao lado, com os dois separados por um vidro.
Os ‘foley artists’, “quem está reproduzir o barulho”, costumam dizer, segundo Joana, “que os ‘foley mixers’ são os ouvidos, porque o som captado pelo microfone é diferente, um bocadito, da perceção auditiva normal”.
“Free Solo” está ainda nomeado para os Óscares, na categoria de Melhor Documentário, e para os Golden Real, os prémios da Motion Picture Sound Editors (MPSE).