João Proença, presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE, denunciou que os serviços de inspeção e combate à fraude dentro do instituto não funcionam. E diz que a culpa é da falta de trabalhadores nos quadros.

“É totalmente inaceitável que o número de trabalhadores da ADSE em 2019 seja inferior ao de 2018, quando havia um compromisso claro de reforçar fortemente os quadros da ADSE”, disse ele esta quarta-feira durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde: “É totalmente inaceitável que a auditoria praticamente não exista, porque não houve os tais recursos humanos para reforçar os serviços de auditoria, de inspeção e de combate à fraude”.

Segundo a presidente da ADSE, Sofia Portela, o último investimento feito para atacar a corrupção do seio da ADSE foi “um processo de business intelligence” , com a implementação de um sistema de faturação online que exige mais dados — o número de cédula do médico, por exemplo — para evitar fraudes. Mas isso “não é suficiente”, considerou João Proença: “O número de trabalhadores na área informática e noutras áreas é insuficiente”.

As declarações de João Proença chegaram pouco antes de o Negócios ter noticiado que houve muito poucos novos acordos celebrados entre a ADSE e entidades privadas nos últimos anos, apesar de terem sido apresentados entre mil a 1.700 pedidos de adesão.

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João Proença confirmou que a ADSE travou o alargamento da rede de privados e comentou: “Achamos totalmente absurdo que a ADSE tenha suspendido há anos a celebração de novas convenções. Consideramos totalmente absurdo que a ADSE possa defender por omissão a existência de monopólios dos prestadores de saúde”.

Sofia Portela já tinha dito que “nos últimos anos houve um número muito reduzido de novas convenções”, mas prometeu “desencadear esse processo com base em princípios que pretendem que haja uma cobertura da rede em todo o país”, disse ela na Comissão Parlamentar de Saúde.

O presidente do Conselho Geral aplaudiu a iniciativa: “Tem de haver uma política de celebração de convenções. Tem de haver concorrência e cobertura geográfica”. Mas sublinha que isso tem de acontecer “urgentemente”.