O Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, está a retirar toneladas de ouro dos cofres do Banco Central do país, numa tentativa de obter dinheiro vivo e conseguir contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países.
Pelo menos oito toneladas de ouro terão sido retiradas e transportadas em veículos governamentais, entre quarta e sexta-feira da semana passada. A informação, divulgada esta quinta-feira à agência Reuters, foi confirmada por um deputado da oposição, Angel Alvarado, e por três fontes do Governo, que não se quiseram identificar. “O plano é vender [o ouro] no estrangeiro, de forma ilegal”, acusa o deputado.
O Banco Central não respondeu aos contactos feitos pela Reuters.
A notícia surge cerca de um mês depois de a agência Bloomberg ter noticiado que o regime venezuelano tentou repatriar cerca de 31 toneladas de ouro — no valor de mais de mil milhões de euros — que tem no Banco de Inglaterra. O pedido acabou por ser negado, depois de vários representantes norte-americanos, incluindo o secretário de Estado Mike Pompeo, terem contactado os responsáveis britânicos e pedido ajuda na tentativa de isolar economicamente o regime de Maduro, como forma de pressão política.
A Bloomberg denunciou também, no início deste mês, que a Venezuela vendeu milhões de dólares em ouro em 2018 a uma misteriosa empresa turca, que acabou por parar os negócios com Caracas depois da ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, a impor sanções internacionais à compra de ouro na Venezuela.
Empresa turca mistério importou 900 milhões em ouro com a Venezuela
O ouro é há anos uma fonte de riqueza crucial para o regime chavista, como explica a Bloomberg, tendo Maduro começado a vender mais recentemente parte das reservas de ouro do país para conseguir fundos e contornar assim as sanções. Desde que o opositor Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino do país, os Estados Unidos têm tentado pressionar banqueiros e operadores a não fazerem negócios que envolvam ouro venezuelano.