Vencedor do Festival da Canção e próximo representante de Portugal no Festival Eurovisão da Canção, Conan Osíris apareceu na noite deste sábado no auditório da Portimão Arena ainda anestesiado. A culpa, brincou, era de “um analgésico” que tomou por ter “torcido o pé na segunda-feira”, o que lhe provocou dificuldades que eram notórias ao vê-lo andar mas que não foram percetíveis na interpretação de “Telemóveis” nesta final do concurso de canções da RTP.

Conan Osiris em conferência de imprensa:

Posted by Observador on Saturday, March 2, 2019

Parecendo quase indiferente à vitória unânime que teve no festival — foi o mais votado por júri e público na final –, Conan Osíris foi desvalorizando o feito, dizendo aos jornalistas que a ficha “nunca vai cair”, que ainda “falta bué tempo” para a Eurovisão e que “agora vim a Portimão, que era mais perto, depois vou a outro sítio, vamos ver o que dá, nem sei se para a semana estou cá ou não”. O cantor e compositor resumiu o seu estado de espírito numa frase: “Estou visivelmente burro”, isto é, sem grandes palavras.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Questionado pelo Observador o que terá mudado em duas semanas para se ter tornado mais consensual, visto que não foi o candidato mais votado pelo júri na sua semifinal, Conan Osíris apontou: “É super legítimo haver pessoas que não estão satisfeitas com eu ganhar, mas a culpa também é um bocadinho de como as coisas são arquitetadas, não tenho propriamente a culpa de toda a gente ter-me chamado na semana passada para fazer cenas [entrevistas e atuações na televisão]. Talvez isso tenha ajudado à compreensão das pessoas, ou talvez as pessoas não me conhecessem na semifinal e depois tivessem tido algum tempo para digerir. Pode ter passado por aí”.

Reiterando que precisava de descansar, porque na última semana não o conseguiu fazer, o cantor de “Telemóveis” relatou que as memórias que tem da Eurovisão passam sobretudo pelas últimas duas edições, em que os representantes nacionais foram Salvador e Luísa Sobral e Cláudia Pascoal e Isaura. O cantor quis, no entanto, deixar uma palavra à cantora Tonicha pela canção que levou ao Festival da Eurovisão em 1971, “Menina do Alto da Serra”, de que é fã:

Fiz um post sobre isso [canção da Tonicha]. Para mim é genialidade pura em termos de orquestração, música, letra e interpretação dela. Embora seja bastante antiga é uma coisa perfeita para mim”, referiu.

Conan Osíris: o denominador incomum

O momento em que cantou “Telemóveis” como vencedor do Festival da Canção foi marcante também pelo surgimento em palco dos restantes concorrentes. Questionado sobre isso na conferência de imprensa, Conan Osíris afirmou: “Já queria que eles estivessem ali em cima comigo desde o início da atuação, estava a chamá-los, mas pelo menos vieram e isso fez todo o sentido para mim. Estes dias todos foram uma coisa como quase nunca senti de irmandade, de ausência de competição, uma coisa super saudável. Partilhámos [os concorrentes] truques, chazinhos, dicas… isso para mim é o que fica. São meus amigos, já não vão estar comigo na próxima [fase], fiquei com pena”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Confrontado com o facto de alguma aceitação mais generalizada ser algo com que só recentemente se confrontou, o músico concluiu dizendo: “Nunca num milhão de anos pensava que as pessoas pudessem digerir a minha linguagem como uma coisa geral, mas aparentemente as pessoas estão a entender. Finalmente, I guess [acho], as pessoas estão a entender-me um bocadinho“.

Quando se apurou para a final, há duas semanas, Conan Osíris já tinha expressado algo semelhante ao Observador: “Não estou à procura de aceitação nem nada, mas como é lógica toda a gente quer ser um bocado abraçada. Ter conseguido isso não dando a abébia de não ir pelo meu próprio caminho é uma cena que é chocante para mim”.

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