Os produtores de milho e os proprietários rurais defenderam esta sexta-feira estar preocupados com os “avultados e crescentes” prejuízos agrícolas decorrentes do “aumento descontrolado” da população de javalis e pedem que as autoridades tomem medidas, à semelhança dos restantes Estados-membros.
“O aumento descontrolado da população de javalis, que se tem verificado nos últimos anos nosso país, está a causar avultados e crescentes prejuízos no setor agrícola nacional”, referiram, em comunicado, a Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis) e a Associação Nacional de Proprietários Rurais (ANPC).
De acordo com o último levantamento, os prejuízos provocados nas searas de milho dos associados da Anpromis representaram, em 2018, cerca de 985 mil euros.
A Anpromis e a ANPC reiteram a necessidade de as autoridades nacionais competentes, à semelhança do que está a ser efetuado noutros Estados-membros, tomarem as medidas necessárias, de uma forma livre, célere e concertada, revertendo a situação atual de descontrole que se vive em certas regiões do país”, vincaram
Para as duas associações, esta situação constitui uma “fonte crescente de risco sanitário para a suinicultura nacional” e é a causa de um “significativo aumento” do número de acidentes rodoviários originados nas estradas portuguesas, “não esquecendo também os enormes impactos que estes animais têm, quando em densidades excessivas, nos povoamentos florestais jovens e na vegetação em geral”.
Em 27 de fevereiro, a Anpromis e a ANPC participaram numa reunião com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), promovida pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), onde foram debatidas medidas para controlar a situação.
Entre os principais pontos do debate estiveram a necessidade de “aumentar o esforço de caça e autorizar ações de controlo de densidade” para mitigar os prejuízos em determinadas culturas agrícolas mais intensivas. Por outro lado, as associações querem que seja inscrito no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), um concurso específico que permita o financiamento e a instalação de cercas.
“É fundamental a Direção-geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas estabelecerem, desde já, medidas para prevenir o possível aparecimento da peste suína africana em Portugal, nomeadamente através da diminuição das densidades excessivas de javalis”, lê-se no documento.
Por último, as entidades consideram “imperioso” uniformizar os critérios de apreciação de pedidos de controle da densidade ao nível das Direções Regionais Conservação Natureza e Florestas (DRCNF), “não criando entraves na apreciação dos pedidos de correção de densidades […], como tem sido prática”.