Que no Porto se come bem não é uma novidade, que a cidade está na moda também não, que todas as desculpas são boas para comer e falar de comida também não é segredo para ninguém. Talvez sejam estes os principais ingredientes da Porto Food Week, o evento que nasceu há três anos em Lisboa e chega agora pela primeira vez à invicta. A iniciativa “promete levantar a bandeira da boa gastronomia e homenagear a cidade”, diz  Paulo Amado, da Edições do Gosto, responsável pelos 10 dias (de 21 a 30 de março) dedicados à arte de bem comer. Das tascas à estrela Michelin, da cabidela aos cachorros, há muito para comer, ouvir e sentir numa das semanas mais gastronómica do ano.

A aventura começa no dia 21, quinta-feira, com a Ordem da Cabidela no restaurante Oficina, onde o chef Marco Gomes é o anfitrião. A partir das 20h, cinco convidados vão preparar cabidelas de diferentes animais. Helena Ventura, da Casa Ventura em Amarante, trata do galo; Ricardo Nogueira, do Mugasa, fica com o leitão; Vítor Adão, da Izakaya Tokkuri, vai cozinhar borrego e Rui Martins, do RIB Beef & Wine, é responsável pelo javali. A sobremesa fica a cargo de Leonor de Sousa Bastos, autora do blogue Flagrante Delícia.

No dia seguinte, o chef Hélio Loureiro junta-se a Adozinda Gonçalves no restaurante Soundwich, em pleno Parque da Cidade, para celebrar a cozinha portuense, num elogio às suas raízes e identidade. No mesmo dia, Vítor Matos, que mantém a estrela Michelin no restaurante Antiqvvm, prepara um jantar onde os produtos e as técnicas francesas chegam à mesa harmonizados com uma seleção de vinhos gauleses.

O estrelado chef Vítor Matos participa no movimento mundial de celebração da gastronomia francesa, Goût de France, num manjar onde os produtos e as técnicas francesas prometem surpreender.

O terceiro dia da Porto Food Week tem início às 17h com a Rota das Tascas, uma espécie de Foodie Papper com paragens obrigatórias em algumas das tascas mais antigas e famosas da cidade, mas também moradas mais contemporâneas onde a cultura gastronomia local está bem presente. O circuito passa pelos cachorros da Cervejaria Gazela, as sandes de pernil e queijo da Serra da Casa Guedes ou as bifanas do restaurante Conga. Há ainda rotas especiais dedicadas ao bacalhau ou à francesinha, cuja lista de locais a visitar ainda será divulgada. No mesmo dia, a partir das 20h, Pedro Limão e Hugo Brito, do restaurante lisboeta Boi-Cavalo, ambos conhecidos por praticarem uma cozinha livre, inquieta e arrojada, vão confecionar um menu de raiz a quatro mãos. Hugo Brito também irá marcar presenta numa conversa, no dia 24, que junta a comida à arte numa reflexão sobre como ambas espelham a sociedade. Com ele, na Galeria Fernando Santos em Miguel Bombarda, vão estar nomes como o crítico gastronómico Paulo Russel-Pinto, o músico Rui Reininho ou a artista Beatriz Albuquerque.

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O chef Vasco Coelho Santos, responsável pelo Euskalduna Studio e Semea, irá com Arnaldo Azevedo, do Villa Foz Hotel & Spa, e Pedro Braga, do Mito, homenagear o livro “Cozinha Tradicional Portuguesa”, de Maria de Lurdes Modesto, interpretando algumas receitas do livro. O jantar já se encontra esgotado.

As conversas culinárias não se ficam por aqui e estendem-se, no dia 26, ao restaurante Terminal 4550, em Leça da Palmeira, ponto de encontro para alguns dos maiores rostos da restauração portuense. Ricardo Rodrigues, do Sushiaria, Esquina do Avesso, Terminal 4550 e Fava Tonka, Vasco Mourão, do grupo Cafeína, Vasco Coelho Santos, do Euskalduna Studio e Semea, ou Sérgio Cambas, d’O Paparico e das Cervejarias Brasão, vão discutir o panorama atual e prever o futuro nesta área.
O Som que a Cozinha Tem” é o mote para uma tarde no Hard Rock Café, no dia 27, em que a música, como forma de expressão e criatividade, será protagonista. A forma como esta se relaciona com a cozinha será abordada por João Só, músico e compositor, Tiago Pereira, músico e realizador, e João Pupo Lameiras, do restaurante Bacalhau e RO.

Um dos pontos altos da programação é o fórum “Pensar Cozinha”, que ocupa o dia 25 no Palácio do Freixo, e se divide em várias secções. Durante oito horas, os anfitriões Paulo Amado, da Edições do Gosto, e o chef Alexandre Silva, do restaurante Loco, vão pôr os cozinheiros convidados a falar do território, do produto, do produtor e da técnica. Incluída neste fórum gastronómico está a entrega de prémios do blogue Favors & Senses, que elege os melhores do ano no mundo da restauração no Porto e norte do país. Para rematar este dia recheado, o  restaurante Mito abre portas para uma after party, que fica cargo da Confraria da Rabanada, onde cinco chefs – Pedro Braga, João Pupo Lameiras, Nuno Castro, Vasco Coelho Santos e Vítor Adão –  irão preparar diferentes rabanadas, em versões doces e salgadas. O jantar já se encontra esgotado.

O chef Miguel Castro e Silva fará no seu Casario, na Ribeira do Porto, uma viagem no tempo percorrendo alguns dos seus pratos mais marcantes, como o robalo com laranja e funcho ou o stilton com pêra em vinho do Porto.

Os manjares especiais continuam n’O Paparico, dia 27, com uma vénia às cozinhas do Douro; no Casario, dia 28, com uma viagem pelos pratos clássicos do chef veterano Miguel Castro e Silva; e no Odde Porto Wine House, dia 29, com um elogio ao vinho do Porto. Destaque ainda para o jantar de encerramento volante intitulado “Baca na Brasa”, no Palácio do Freixo, dia 30, em que Rui Martins, do RIB Beef & Wine, convida Luís Gaspar, da Sala de Corte, António Carvalho, d’O Brasão, e Tony Salgado, do Pestana Palácio do Freixo, a serem responsáveis por uma das grelhas disponíveis e assim homenagear o fogo, a brasa e o gado bovino.