Nos arredores do Twickenham Stadium, onde a seleção inglesa de râguebi costuma fazer os seus compromissos, várias centenas de adeptos estavam juntos com a sua pint na mão a olhar para os ecrãs em volta na esperança de um milagre que nunca chegou a acontecer. A Rosa partia para este Seis Nações com a esperança de poder reverter a má imagem deixada em 2018, em que acabou o torneio com três derrotas consecutivas. Este ano, sofreu um desaire pelo meio mas chegou à última ronda ainda com hipóteses de ganhar o título. No entanto, e para quem sabe como funciona a modalidade, bastou um minuto do País de Gales-Irlanda para se perceber que o título estava atribuído. Bem vistas as coisas, até menos.

Da entrada das equipas com chamas e fumos para o ar aos hinos com lágrimas nos olhos entre jogadores e adeptos, a antecâmara do jogo que poderia decidir o Torneio das Seis Nações era quase como uma espécie de primeiro ensaio sem oval nas mãos que se viria a confirmar logo no segundo minuto de jogo, quando Hadleigh Parkes fez o ensaio e Gareth Anscombe a conversão que colocaram os galeses na frente por 7-0. Ao intervalo, Anscombe colocara já o resultados nos 16-0, quase no final do jogo o avanço já ia em 25-0 e o máximo que os irlandeses conseguiram foi reduzir para o 25-7 final com um ensaio de Jordan Larmour.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

País de Gales dominou desde início a Irlanda, chegando ao intervalo com uma vantagem confortável de 16-0 (PAUL ELLIS/AFP/Getty Images)

Com o triunfo em Cardiff, o conjunto comandado pelo neozelandês Warren Gatland (que começa a ser falado como possibilidade de peso para o comando da Inglaterra) não só conquistou o troféu como chegou ao quarto Grand Slam, somando por vitórias os cinco encontros disputados nesta edição de 2019 – um recorde na competição. E se é certo que o Príncipe William esteve no Millennium Stadium e entregou o troféu no final do encontro ao capitão Alun Wyn Jones, a grande inspiração dos jogadores do País de Gales acabou por ser Maureen McColl, uma avó de 82 anos que assistiu pela segunda vez a um jogo.

A história foi contada pelo Wales Online. A irmã, Nancy, tinha bilhete para o decisivo País de Gales-Inglaterra mas acabou por não poder ir, passando a entrada a Maureen que nunca tinha ido a um jogo de râguebi. Levou o casaco vermelho do País de Gales, gostou da experiência e, no final, um casal que esperava nas bancadas para poder estar com o amigo Aaron Wainwright trocou umas palavras com ela e fez questão de apresentá-la aos jogadores que por ali andavam e que se juntaram à sua volta para ouvirem os ensinamentos que tinha retirado da primeira visita a um estádio para assistir a uma partida de râguebi. 

Esta tarde, mesmo sem “baixas”, voltou ao Millennium Stadium. E com “lugares espetaculares”, como a própria admitiu. No treino da véspera, Maureen, uma antiga trabalhadora numa fábrica que se encontra reformada a dedicar o tempo aos cinco filhos e aos netos, esteve com a equipa e tirou uma foto de família com todos. “Estou com vocês a apoiar a 100%. Fiz alguns bolinhos galeses para os rapazes, vim para cá e quando o Aaron me viu disse que conhecia a minha cara. Disse-lhes que tinha a certeza que íamos ganhar à Irlanda”, comentou. E acertou: se em campo Adam Beard continua a somar por triunfos todos os encontros feitos pelo País de Gales, também Maureen, que foi apelidada de mascote da sorte pelos jogadores galeses depois do triunfo com a Inglaterra, tem 100% de sucesso… nos dois jogos a que assistiu.