Radovan Karadzic, ex-chefe político dos sérvios da Bósnia-Herzegovina, foi esta quarta-feira condenado a prisão perpétua pelo tribunal internacional de Haia, avançou a agência Associated Press. Karadzic foi acusado de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra pela sua responsabilidade no cerco de Sarajevo e pelo massacre de Srebrenica, para além do deslocamento de populações sob critérios étnicos em diversas outras regiões da Bósnia. A sua sentença foi, assim, aumentada de 40 anos para prisão perpétua.

A decisão sobre o destino de Karadzic, 73 anos, foi uma das últimas no âmbito das guerras que sucederam à desintegração da Jugoslávia em 1991, após as independências unilaterais da Eslovénia e Croácia.

Após a morte, no decurso do seu processo, do antigo presidente sérvio Slobodan Milosevic, o ex-líder político dos sérvios bósnios é o mais alto responsável em julgamento pelo conflito na ex-república jugoslava entre os exércitos muçulmano, sérvio e croata, com um balanço de mais de 100.000 mortos e 2,2 milhões de refugiados.

Karadzic, que denunciou um processo político e negou as principais acusações, recorreu da sentença inicial em primeira instância, que a acusação considerou demasiado clemente.

Na Bósnia, o governo da Republika Srpska (RS, uma das duas entidades semi-autónomas), anulou em 2018 um relatório de 2004 sobre as mortes e criou uma comissão para conduzir um novo inquérito sobre os crimes de guerra.

Em 2017, e numa das suas últimas deliberações, o TPIJ condenou a prisão perpétua por acusações semelhantes o ex-comandante militar dos sérvios bósnios, general Ratko Mladic, que também recorreu da sentença.

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