Desde que o monte Evereste — o pico mais elevado do mundo — começou a ser explorado por alpinistas, já morreram perto de 300 pessoas a tentar escalar a montanha. Dois terços dos corpos nunca foram recuperados e acredita-se que estejam ainda soterrados debaixo da neve.

Agora, com o derreter dos glaciares provocado pelas alterações climáticas, começam a aparecer alguns dos cadáveres, segundo uma reportagem da BBC.

De acordo com Ang Tshering Sherpa, antigo presidente da Associação Nepalesa de Montanhismo, “por causa do aquecimento global, a camada de gelo e os glaciares estão a derreter rapidamente e os cadáveres que permaneceram soterrados todos estes anos estão agora a ficar expostos”.

Evereste. Três alpinistas mortos e um desaparecido

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“Recentemente, trouxemos para baixo os cadáveres de alguns montanhistas que morreram nos últimos anos, mas os mais antigos, que permaneceram enterrados, estão agora a aparecer”, acrescentou o responsável, ouvido pela BBC.

O aparecimento dos cadáveres está a ser um problema particularmente nesta altura em que a região se prepara para mais uma temporada de escalada. As empresas já estão a preparar os campos e os materiais de apoio para os alpinistas que vão tentar alcançar o cume da montanha mais alta do mundo este ano, mas esta situação está a perturbar a preparação da temporada.

Um dos problemas é que os operadores não podem, por si, remover os corpos: a lei nepalesa obriga o Governo a estar envolvido na recuperação de cadáveres. “O assunto tem de ter prioridade tanto pelo governo como pela indústria do montanhismo”, defende o presidente da Associação Nepalesa dos Operadores de Expedições, Dambar Parajuli.

Dois montanhistas morrem a tentar escalar o Evereste

O assunto começou a merecer atenção internacional em 2017, quando a mão de um alpinista morto apareceu num dos acampamentos usados pelos montanhistas no Evereste. No mesmo ano, outro corpo apareceu na mesma região e desde então vários outros corpos foram avistados perto dos campos.

“Mãos e pernas de cadáveres também apareceram no campo base nos últimos anos”, acrescentou uma outra fonte ouvida pela BBC, que trabalha com uma organização não-governamental na área. “Notámos que o nível do gelo no campo base e à volta tem vindo a descer, e é por isso que os corpos estão a ficar expostos.”