O vice-presidente e administrador da SAD do Sporting Francisco Salgado Zenha revelou esta quinta-feira que o empréstimo de 65 milhões de euros (ME) servirá para pagar dívidas, sem identificar a entidade financiadora.
“Quando chegámos, as necessidades de tesouraria eram muito altas, na ordem dos 40 milhões de euros só em dívidas a fornecedores, pelo que utilizaremos boa parte esses fundos para esses pagamentos”, afirmou Salgado Zenha em entrevista ao canal do Sporting.
Questionado acerca do nome da empresa que financiou os 65 milhões de euros, o dirigente do Sporting não quis revelá-lo, nem sequer a taxa de juro a ser paga pelos ‘leões’: “Devemos manter o sigilo em relação aos nossos parceiros e investidores, e com todos aqueles que trabalham connosco. O FC Porto e o Benfica também efetuaram transações semelhantes e não partilharam essa informação. Que eu saiba, nessa altura, ninguém teve curiosidade em saber os nomes dos seus financiadores.”
Salgado Zenha reconheceu que “não encontrou qualquer ‘buraco financeiro’ nas contas do clube”, como já tinha confirmado a auditoria realizada, mas sim necessidades de tesouraria “muito exigentes”, o que obrigou “a efetuar esta operação financeira para cobrir todas as responsabilidades”.
“De facto, não existe qualquer buraco nas contas. O BES tinha um buraco de dois mil milhões de euros, neste caso, o que estava nas contas correspondia à realidade, o que não significa que não houvesse dificuldades de tesouraria”, explicou o dirigente do Sporting.
Outra fatia deste empréstimo será canalizada, segundo o dirigente dos ‘leões’, para reembolsar os bancos com os quais o anterior presidente negociou a reestruturação financeira, reestruturação essa que a atual direção pretende renegociar com a banca.
Quanto às garantias que o Sporting teve de dar para garantir o empréstimo de 65 milhões de euros, Salgado Zenha reconheceu que as mesmas decorreram da antecipação de cerca de dois anos de receitas do contrato de televisão com a empresa NOS.
“Há que desmistificar esta situação. O que fizemos foi uma antecipação de receitas, que decorre da cedência de receitas do contrato com a NOS, que corresponde a dois anos do contrato. Aliás, já tinham sido antecipados quase dois anos de receitas desse mesmo contrato pela direção anterior. Mas não é mais do que um financiamento para pagar outra dívida”, referiu o administrador da SAD.
Em relação ao futuro, Salgado Zenha revelou que o Sporting tem “um plano financeiro que pretende cumprir, tendo noção de que o caminho é difícil, depois de uns primeiros seis meses complicados face à herança deixada pela gerência anterior e que obrigou à contração de um empréstimo para pagar dívidas e não investir organicamente, como deveria ser”.
Confrontado com a afirmação do CEO da NOS, Miguel Almeida, segundo a qual a sua empresa não tem prevista qualquer antecipação de receitas dos contratos televisivos com os três ‘grandes’, Salgado Zenha explicou a posição do Sporting: “Estamos alinhados com o dr. Miguel Almeida. O que se fez não foi uma antecipação de receitas da NOS ao Sporting, mas sim a cedência por parte do clube de uma parte do contrato a uma terceira parte.”