O drift é uma modalidade imprópria para cardíacos. Não apenas porque os carros são muito potentes, ou por andarem sempre muito atravessados ou até mesmo por destruírem os pneus traseiros, transformando-os em fumo. A emoção é sobretudo fruto de, durante a competição, rodarem a centímetros uns dos outros, completamente de lado e a milímetros do muro, pois quanto mais perto melhor. Tudo porque aqui o espectáculo proporcionado é tão valorizado pelos juízes quanto o tempo conseguido na volta ao circuito.
Os veículos utilizados no drifting têm sempre exclusivamente tracção traseira, autoblocantes fortíssimos (e mecânicos por simplicidade, robustez e custo) para garantir que as rodas posteriores perdem aderência à mínima solicitação do acelerador, e um sistema de direcção em que as rodas da frente quase conseguem virar a 90º, face ao eixo longitudinal do modelo. A novidade aqui é o facto de o novo Toyota Supra, que começou em Março a ser fabricado pela Magna, na Áustria, já se encontrar a queimar borracha pela mão do piloto Daigo Saito.
O Supra é um veículo desenvolvido em colaboração com a BMW, pois herda a plataforma e motores que os alemães usam no roadster Z4. Porém, o carro japonês foi entregue à Gazoo Racing, a sua equipa de competição, que tratou de o dotar com um comportamento à altura dos seus pergaminhos. Mas o Supra de Saito, excepção feita para as alterações já mencionadas, conta ainda com outras relacionadas com a adopção de suspensões mais duras, menor altura ao solo e uma forte redução do peso.
Porém, a diferença mais relevante está na mecânica, com a caixa a ser substituída por outra de competição, sequencial. Pelo seu lado, o motor 3.0 de seis cilindros em linha sobrealimentado foi “puxado” para 3,4 litros, enquanto o turbocompressor foi substituído por outro, substancialmente maior, capaz assim de extrair mais potência. Daí os 812 cv que transformam este exemplar da nova geração A90 do Supra num verdadeiro foguete.