Dirigentes de partidos nacionalistas da União Europeia (UE) anunciaram esta segunda-feira a intenção de se aliarem após as eleições de maio para o Parlamento Europeu (PE), num encontro em Milão, Itália, promovido pelo líder nacionalista italiano Matteo Salvini.

“Estamos a ampliar a comunidade, a família. Estamos a trabalhar para um novo sonho europeu”, disse Matteo Salvini, líder da Liga e vice-primeiro-ministro do governo de coligação italiano, numa conferência de imprensa conjunta com dirigentes da Alternativa para a Alemanha (AfD), dos Verdadeiros Finlandeses e do Partido do Povo Dinamarquês.

“Hoje, para muitos cidadãos e povos, a União Europeia representa um pesadelo”, acrescentou, ao apresentar o projeto intitulado “A Europa do bom senso, os povos levantam-se”.

“Trabalhamos para voltar a pôr no centro o trabalho, a família, a segurança, a proteção do ambiente, o futuro dos jovens” em conjunto com “movimentos alternativos” à “aliança entre democratas-cristãos e socialistas” no poder há décadas em Bruxelas, disse Salvini.

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O dirigente italiano admitiu que os movimentos nacionalistas “têm diferenças”, mas frisou que têm em comum o compromisso com “as identidades e as tradições” e assegurou que a aliança que agora propõem vai crescer após as eleições europeias e tornar-se “uma força de governo e de mudança na Europa”.

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Jörg Meuthen, da AfD, disse na conferência que pelo menos 10 partidos vão participar na aliança que vai ser forjada após as eleições europeias de 23 a 26 de maio. “Queremos reformar a União Europeia e o Parlamento Europeu, sem os destruir. Queremos protagonizar uma mudança radical”, disse o político alemão.

Anders Vistisen, dirigente do Partido do Povo Dinamarquês, sustentou que o projeto hoje apresentado “visa defender o direito de cada Estado-membro a encontrar o seu próprio caminho”. “Se deixarmos que os nossos adversários nos dividam, vamos ver mais Bruxelas, menos segurança e o multiculturalismo e a identidade europeia sobreporem-se às identidades nacionais”, defendeu.

O objetivo é ser “o grupo mais importante no Parlamento Europeu”, insistiu Salvini, referindo que Milão vai ser palco, a 18 de maio, de um grande comício europeu de partidos nacionalistas.

Questionado sobre a razão de se associar à extrema-direita da AfD, o dirigente italiano respondeu que não lhe interessam “controvérsias locais” e, noutro passo, disse-se “cansado do debate sobre fascistas e comunistas, direita e esquerda”. “Não nos interessa, não interessa aos 500 milhões de cidadãos europeus. Nós olhamos para o futuro, o debate do passado fica para os historiadores”, disse.

Sobre a ausência do encontro de hoje da líder da União Nacional francesa (RN, ex-Frente Nacional), Marine Le Pen, Salvini afirmou que foi mandatado por “todos os movimentos políticos do seu grupo” no PE, a RN incluída, para o lançamento deste apelo à unidade.

No atual PE, Salvini, Le Pen e outros partidos nacionalistas integram a Europa das Nações e das Liberdades (ENF), mas algumas das formações que agora admitem uma aliança integram outros grupos políticos, como a Aliança de Conservadores e Reformistas (ECR), a que pertencem o Partido do Povo Dinamarquês ou os Verdadeiros Finlandeses, ou a Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD), que integra a AfD. O objetivo assumido por Salvini é juntá-los no grupo da Europa das Nações e das Liberdades e fazer deste o maior grupo político no PE.

Os vários partidos nacionalistas estão de acordo em questões como o euroceticismo e a hostilidade ao Islão político ou ao multiculturalismo, mas divergem noutros aspetos, como a economia, em que por exemplo a AfD defende a economia de mercado e a RN o protecionismo, ou a política externa, em que os elogios de Salvini e Le Pen ao presidente russo, Vladimir Putin, desagradam aos nacionalistas polacos e finlandeses.

Além de Le Pen, estiveram ausentes do encontro de hoje o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, cujo partido, Fidesz, se mantém no PPE, apesar de suspenso, ou o espanhol Vox, que segundo a imprensa italiana foi convidado a participar.