A Justiça sueca está a examinar a eventual reabertura do processo de investigação a Julian Assange no caso de violação sexual arquivado em 2017. A defesa da vítima pediu que o caso fosse retomado depois de o fundador do WikiLeaks ter sido detido, nesta quarta-feira, em Londres.
A procuradora Eva-Marie Persson, responsável por analisar o pedido, disse em comunicado que “o caso vai agora ser examinado” e que ainda não é possível dizer quando poderá avançar com mais informações. “A investigação ainda não foi retomada e ainda não sabemos se será. Por isso, não podemos estabelecer uma data para quando a decisão será tomada”, declarou em comunicado.
Na Suécia, os processos de investigação podem ser retomados desde que estes não tenham prescrito. No caso do de Assange, isso só acontecerá em 2020. A advogada da alegada vítima, Elizabeth Massi Fritz, garantiu, citada pela BBC, que tudo será feito para que o caso seja retomado. A detenção era algo por que esperava “desde 2012” e que “finalmente aconteceu”, admitiu. “Nenhuma vítima devia ter de esperar nove anos para que a justiça seja feita.”
Julain Assange foi acusado de violação na sequência de um conferência que deu em Estocolmo sobre o WikiLeaks, em 2010. Sempre negou as acusações, dizendo que a relação sexual foi consentida. O caso foi arquivado depois de ter pedido asilo político na embaixada do Equador, em Londres, em 2012, para evitar que fosse extraditado para a Suécia. Foi detido esta quinta-feira depois de ter sido declarado culpado de ter violado os termos da sua liberdade condicional por um juiz britânico.
Deputados britânicos querem que Assange responda por violação na Suécia
Mais de 70 parlamentares britânicos, a maioria dos quais pertencem ao Partido Trabalhista, subscreveram uma carta dirigida ao secretário do Interior, Sajid Javid, para que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que Julian Assange seja extraditado para a Suécia, no caso de a Suécia realizar esse pedido de extradição”. Os membros do parlamento do Reino Unido, que acreditam que a extradição para a Suécia deve ter prioridade face aos Estados Unidos da América, pediram ao secretário do Interior que defenda as “vítimas de violência sexual” e que permita que a queixa contra Assange seja “devidamente investigada”.
Uma carta semelhante foi também enviada à porta-voz do Partido Trabalhista para as questões de administração interna, Diane Abott, que defende que o governo deve bloquear uma extradição de Assange para os Estados Unidos, mas que desvalorizou as acusações de violação.
Dirigentes do partido Trabalhista já tinham defendido na sexta-feira que o Governo britânico deve opor-se à extradição do fundador do WikiLeaks para os Estados Unidos por ter ajudado a expor irregularidades. O líder do principal partido da oposição, Jeremy Corbyn, escreveu no Twitter que os Estados Unidos querem extraditar Assange porque ele expôs “provas de atrocidades no Iraque e no Afeganistão”.
Artigo atualizado às 11h40 de 13/4 com o pedido de extradição de Julian Assange feito pelo deputados britânicos