Portugal manifestou disponibilidade para acolher até 10 dos 64 migrantes resgatados pelo navio humanitário “Alan Kurdi” e que está há mais de uma semana ao largo de Malta, revelou o Ministério da Administração Interna (MAI). Num comunicado emitido este sábado, o MAI adianta ter já transmitido esta sua intenção ao Governo de Malta, na sequência do acordo de cooperação alcançada entre Portugal, Alemanha, Franca e Luxemburgo, com a coordenação da Comissão Europeia.
“Tal como tem acontecido em todas as situações de emergência que resultam de resgates no Mediterrâneo, Portugal assume desta forma o seu compromisso de solidariedade e de cooperação europeia em matéria de migrações, participando ativamente em todos os processos de acolhimento”, refere o MAI num comunicado enviado à Lusa.
Esta não é a primeira vez que Portugal acolhe migrantes, tendo o mesmo sucedido com pessoas resgatadas pelos navios Lifeline, Aquarius I, Diciotti, Aquarius II, Sea Watch III e outras pequenas embarcações, num total de 106 pessoas, durante 2018 e já este ano.
Apesar de desta “disponibilidade solidária” que tem manifestado, “o Governo português continua a defender uma solução europeia integrada, estável e permanente para responder ao desafio migratório”, refere o comunicado.
Navio com 64 migrantes preso no mar há sete dias sem água nem comida
O anúncio de que Portugal e outros três países da UE iriam acolher os migrantes a bordo do “Alan Kurdi” foi feito este sábado por Malta que, para o efeito, autorizou o desembarque destas pessoas nos seus portos, mas transportados por navios malteses. Através do Twitter o comissário europeu para as Migrações e Assuntos Internos, Dimitris Avramópulos já veio saudar o acordo alcançado por Portugal, Alemanha, França e Luxemburgo para acolherem os 64 migrantes.
O barco, da organização humanitária alemã Sea-Eye, esteve vários dias “preso” no mar Mediterrâneo, sem porto onde atracar, depois de tanto a Itália como Malta terem recusado a entrada dos 64 migrantes — 50 homens, 12 mulheres e 2 crianças. A justificar esta recusa as autoridades maltesas alegaram que a atividade dos navios humanitários na Líbia encoraja os traficantes de seres humanos.
Durante estes dias, a organização humanitária fez vários pedidos a Malta e a Itália para autorizarem o desembarque, até porque o barco se encontrava sem comida nem água, mas nenhum dos países deu autorização, tendo as autoridades italianas impedido até a aproximação à ilha de Lampedusa.
Artigo atualizado às 11h56 com o comunicado do Ministério da Administração Interna