Joe Biden anunciou oficialmente esta quinta-feira a sua candidatura às eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2020. O antigo vice-presidente de Barack Obama irá apresentar-se como um dos candidatos às primárias democratas, da qual sairá o candidato do partido às eleições. “A América é uma ideia” é o seu slogan.
O democrata de 76 anos fez o anúncio através de um vídeo, sendo esta a terceira vez que entra na corrida à Casa Branca — já tentou a sua sorte nas eleições presidenciais em 1998 e 2008. Em ambos os anos desistiu antes do final das eleições primárias do seu partido, tendo acabado a apoiar Barack Obama — de quem se tornou posteriormente vice-presidente — em 2008.
No vídeo em que anuncia a sua candidatura, Biden relembra o episódio que aconteceu em 2017 em Charlottesville, nos EUA, onde três pessoas morreram numa marcha de extrema-direita. O ex-vice de Obama argumenta que “todos são criados de forma igual”, relembrando ainda o momento em que Donald Trump reagiu ao episódio dizendo que existiam “pessoas muito boas em ambos os lados”. “Nesse momento, percebi que a ameaça a esta nação estava no nível mais alto que já vi na minha vida”, referiu Biden.
É hora de uma liderança respeitada no cenário mundial – e uma liderança digna em casa. É hora de oportunidades iguais, direitos iguais e justiça igual. É hora de uma economia que recompense quem realmente faz o trabalho. É hora de um presidente que vai se levantar para todos nós”, referiu Joe Biden na divulgação da sua candidatura.
O democrata junta-se, assim, a candidatos do partido já anunciados como Beto O’Rourke, Bernie Sanders, Cory Booker, Pete Buttigieg, Julián Castro, John Delaney, Tulsi Gabbard, Kirsten Gillibrand, Mike Gravel, Kamala Harris, John Hickenlooper, Jay Inslee, Amy Klobuchar, Wayne Messam, Seth Moulton, Tim Ryan, Eric Swalwell, Elizabeth Warren, Marianne Williamson, Andrew Yang.
Biden, de 76 anos e antigo vice-presidente de Barack Obama, tem uma longa carreira política e surge desde logo entre os favoritos, ao lado do senador Bernie Sanders, que tem liderado várias sondagens e já demonstrou ser um forte angariador de fundos. Se ganhar, torna-se no Presidente mais velho alguma vez eleito. Mas também ele não escapa a polémicas. Ainda este ano, duas mulheres vieram acusar Joe Biden de as importunar sexualmente. Uma das queixosas, Lucy Flores, acusou o político de a ter assediado quando era funcionária da Assembleia do estado do Nevada.
A outra alegada vítima, Amy Lappos, de 43 anos, acusou Biden há dez anos lhe ter agarrado na cara com as duas mãos e tocar o nariz no dela. O senador democrata defendeu-se: “Em muitos anos de campanha eleitoral, e de vida pública, ofereci inúmeros apertos de mãos, abraços, expressões de afeto, apoio e conforto. Nem uma vez — nunca — acreditei ter agido inapropriadamente”, disse.
Entre os democratas, Biden tem uma experiência internacional e legislativa ímpar e está entre as caras mais conhecidas da política norte americana. Existem, contudo, algumas reservas quanto à sua capacidade para captar verbas para a campanha e à sua tendência para cometer gaffes. A sua abordagem centrista num partido que tem movido à esquerda nas principais questões políticas levanta também dúvidas quanto à sua capacidade de mobilização.
Joe Biden pretende assumir-se como um canal de comunicação entre os votantes brancos da classe trabalhadora e os votantes mais jovens e heterogéneos que estiveram na base dos resultados históricos de Barack Obama.
Entretanto, o Partido Republicano já veio criticar o desempenho político de Biden, divulgando um vídeo na quarta-feira onde questiona o crescimento económico durante o período em que Obama e Biden estiveram na presidência e retomando argumentos conservadores contra a legislação de cuidados de saúde de Obama e o escândalo envolvendo a empresa de painéis solares Solyndra.
Donald Trump reagiu ao anúncio de Joe Biden partilhando as publicações de Ronna McDaniel, presidente do Partido Republicano, que começou por escrever: “Joe Biden não se pode esconder dos sucessos económicos da administração Trump. Biden escolheu Pensilvânia para lançar sua campanha — um estado onde a taxa de desemprego caiu para o nível mais baixo alguma vez registado”.
Ronna McDaniel acrescentou: “Se Joe Biden quer continuar a marcar pontos… Em oito anos, Biden & Obama tiveram uma perda líquida de 193.000 postos em fábricas. Em pouco mais de 2 anos, Donald Trump criou 453.000 empregos na área. Não permitam que Biden nos leve para trás”. Donald Trump também partilhou esta mensagem, assim como um tweet escrito na página do próprio Partido Republicano: “Querem voltar para uma economia má, uma política externa falhada e mais promessas por cumprir?”.