No final do encontro, e numa das primeiras vezes na presente temporada, nem tudo foi comunhão antes da habitual roda feita entre jogadores, técnicos e demais responsáveis do FC Porto junto dos adeptos. Durante algum tempo, os atletas ficaram a olhar de frente para as centenas e centenas de adeptos naquela zona da bancada afeta aos visitantes e tanto viram reações que simbolizavam um “levantar de cabeça” como sentiram a insatisfação de quem não gostou de ver o conjunto azul e branco perder dois pontos nos últimos cinco minutos quando ganhava por 2-0. Sérgio Conceição esteve sempre na frente.

O exemplo que Otávio deu na equipa que acabou sem querer ser campeã (a crónica do Rio Ave-FC Porto)

O treinador portista, que nos segundos seguintes ao golo de Ronan que fez o 2-2 soltou um “Mas o que é isto?” enquanto encolhia os ombros, fez questão de dar o exemplo e assumir as responsabilidades pelo empate que coloca em risco a reconquista do título. Na flash interview da Sport TV e na conferência, descreveu o primeiro golo sofrido como “inexplicável”, admitiu erros mas, na altura de abordar as manifestações de descontentamento que se ouviram nos Arcos, colocou-se na frente enquanto líder dos jogadores. E foi também nesse sentido que, a caminho do autocarro, enfrentou para falar dois dos grupos de adeptos que iam deixando críticas à prestação da equipa, dando a cara com o presidente dos dragões, Pinto da Costa, por perto.

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“Se querem assobiar, que me assobiem a mim. Vou embora no final da época, não há problema. Sou eu que treino os jogadores, se há algo negativo a acontecer é o treinador que paga, tenho de assumir a responsabilidade. Se não fizer bem o meu trabalho, pego nas minhas malas e vou embora, não há problema absolutamente nenhum”, lançou durante a conferência de imprensa. “O que se diz aos adeptos? Não se diz absolutamente nada. Os adeptos querem lá saber de desculpas, querem é ganhar como eu quero. Não há nada a dizer, há que assumir as responsabilidades”, tinha referido antes na zona de entrevistas rápidas.

“É ingrato o que aconteceu mas os culpados somos nós, a começar por mim. Podíamos ter feito o terceiro e o quarto golo, mas depois oferecemos o primeiro ao Rio Ave. Temos jogadores experientes, que têm anos de futebol, e oferecemos o primeiro golo… Depois o segundo é um ressalto. É inexplicável da nossa parte. Agora não há que meter a cabeça em baixo, há que assumir as responsabilidades. Estamos frustrados, não merecíamos este desfecho até aos 75 minutos, depois acabamos por merecer pelo que fizemos”, salientou, admitindo que a equipa azul e branca se colocou “a jeito” para o desfecho final.

Também Pepe, central que voltou às opções iniciais depois de ter falhado a receção ao Santa Clara por questões físicas, assumiu as culpas da equipa na igualdade que travou uma série de seis triunfos consecutivos: “Os culpados somos nós, não podíamos ter cometido tantos erros num jogo tão importante como este. Eles foram lá duas vezes e marcaram dois golos. É duro explicar isso aos adeptos, é duro ver os adeptos sair com tristeza, mas somos os principais culpados. Jogar aqui, a vencer por 2-0 e acabar por empatar é uma porrada de luva branca. Temos de aprender a lição para não voltarmos a cometer esses erros”.

De referir que esta foi a primeira vez que o FC Porto desperdiçou uma vantagem de dois golos com o jogo à entrada dos últimos cinco minutos, depois do empate a duas bolas com o Estrela da Amadora em 2007.