O principal evento anual para programadores do Facebook arrancou esta terça-feira pelas 18h em Lisboa (10h em São Francisco, nos Estados Unidos). No F8, Mark Zuckerberg anunciou aquelas que serão as grandes novidades da maior rede social do mundo para os próximos meses — um novo Facebook focado em grupos, o Messenger “mais rápido de sempre”, um Instagram que esconde os gostos das publicações, uma espécie de Tinder dentro do Facebook que vai chegar a mais países, um WhatsApp focado nos negócios e que pode vir a permitir efetuar pagamentos e um futuro que tem por base a realidade virtual. Até o ícone do Facebook vai mudar: passará a ser redondo e terá animações
Depois de mais um ano marcado por vários casos de violação da privacidade dos mais de 2 mil milhões de utilizadores do Facebook, Instagram e WhatsApp, o líder de 34 anos entrou no palco do centro de congressos de São José para explicar que plataforma focada na privacidade e na interação em pequenos grupos será esta: “Algumas pessoas pensaram que não estávamos a falar a sério sobre isto”, mas estavam, disse, rindo.
“Vamos começar um novo capítulo, mas vai demorar tempo e vamos ter de resolver alguns problemas, parecendo que não estamos a fazer progressos, mas vamos fazer tudo para construir os produtos que as pessoas querem. Estamos confiantes de que vamos fazer isto”, anunciou o multimilionário, antes de explicar aqueles que são os seis princípios da nova plataforma focada na privacidade.
Mark Zuckerberg começou por apresentar aquela que será a nova plataforma, uma plataforma na qual “as conversas privadas devem estar protegidas, até de nós”, diz. “Não se devem preocupar que o que escrevem seja utilizado contra vocês”, acrescentou — e esta era já uma ideia conhecida –, reafirmando que os utilizadores devem confiar que o Facebook “vai fazer isto bem”. “Devem poder utilizar qualquer uma das nossas apps para falar com os vosso amigos”, sublinhou, reafirmando o que já tinha dito várias vezes: “Temos de mudar muitas das maneiras como gerimos esta empresa. Estamos comprometidos em trabalhar de forma aberta“.
O líder da maior rede social do mundo explicou no Centro de Congressos de São José, em Silicon Valley, nos Estados Unidos, que quer “tornar as comunicações seguras e garantir que as pessoas não utilizam isto [as redes sociais] para o mal”: “Vamos fazer mudanças à forma como podem ser feitas aplicações para as nossas plataformas e acho que isso vai ser bom, apesar de criar mais trabalho de burocracia”.
Um novo Facebook focado em grupos e o Messenger “mais rápido de sempre”
As primeiras mudanças vão acontecer nas apps de mensagens, explicou. “O nosso objetivo é fazer do Messenger a app [de troca de mensagens] mais rápida”. Na app de troca de mensagens que vive dentro (e fora) da rede social, está a ser tudo reescrito de início. “A primeira coisa que temos de fazer é construir a plataforma mais confiável e segura que existe“, disse. “Construímos uma nova app nativa para o Messenger e vamos lançá-la em Mac e Windows”, avançou, acrescentando que a acredita que “as apps de troca de mensagens têm de ser encriptadas [não permite que sejam lidas por terceiros]”.
Asha Sharma, responsável pelo desenvolvimento do Messenger, apresentou mais novidades em relação à aplicação de troca de mensagens: vai haver uma app para computador Mac e Windows, que vai permitir que os utilizadores conversem também com os contactos que estão no Instagram e no WhatsApp, com um novo design e uma janela para ver storys efémeras e atualizações de outros utilizadores.
“Queremos fazer do Messenger a app de comunicações mais rápida. Chamamos a isto internamente ‘light speeding’. Estamos a reescrever completamente o nosso código base”, afirmou, antes de acrescentar que o Messenger terá um separador para que as pessoas possam ver vídeos em conjunto dentro da aplicação.
Além da encriptação, que vai impedir até a equipa do Facebook de saber o que as pessoas escrevem, Zuckerberg acrescentou que o Messenger terá uma nova parte para os amigos, ou seja, “isto mostra como uma plataforma privada pode servir para partilhar”, explicou. As videochamadas feitas pelo Messenger também vão melhorar, garantiu o líder da rede social.
Dentro das novidades que vão chegar ao Messenger, está também a opção de videochamadas emgrupo dentro deste serviço de troca de mensagens, à semelhança do que já é permitido no WhatsApp. Para os negócios que utilizam o Messenger para comunicar com os seus clientes, também houve surpresas: vai ser possível fazer reservas através deste serviço e vão existir anúncios que levam os utilizadores para uma janela de chat, na qual poderão saber mais sobre os produtos.
“Estamos focados em entregar uma experiência privada e aqui não vai haver contas públicas que se possam seguir”, disse, à medida que também anunciava que as definições da partilha de localização vão mudar. “Nem nós vamos poder ver [onde as pessoas estão]”, disse, antes de sublinhar que um WhatsApp para negócios continua a “ser um grande foco”. “Acreditamos que tem de ser fácil enviar dinheiro para outras pessoas tal como enviam mensagens. Vamos trabalhar para lançar esta versão em vários países até ao final do ano”, disse Zuckerberg.
O WhatsApp passa, assim, para segundo plano, mas a rede social alargou a rentabilidade do serviço de mensagens encriptadas. Num futuro próximo, os utilizadores vão poder ver catálogo de produtos em contas de WhatsApp para negócios. Além disso, a funcionalidade para utilizar a app para transferir dinheiro para outros utilizadores pode vir a ser estendida.
Um Instagram sem gostos e a expansão do Tinder do Facebook
Outra das novidades é a expansão do Facebook Dating, o Tinder do Facebook. Para já, esta ferramenta não está ainda disponível na maioria dos países (apenas na Colombia, Tailândia, Canadá, Argentina e México), mas a rede social quer expandir esta funcionalidade para mais regiões até ao final do ano (Portugal não está incluído, para já).
Uma das principais notícias do F8 de 2019 é a opção de “paixoneta secreta” (secret crush, em inglês). Da mesma maneira que o Tinder liga duas pessoas que manifestam ter interesse pela outra e só as liga se ambas escolherem a outra, quem aderir ao Dating pode utilizar esta funcionalidade pelo Facebook para encontrar relações amorosas.
Outras das principais mudanças nas redes sociais detidas pelo Facebook decorrem no Instagram. Depois de ter sido divulgado que a rede social está a testar esconder os “gostos” (Likes, em inglês), Adam Mosseri, o presidente executivo da plataforma adquirida pelo Facebook, revelou em palco que o número de pessoas que gostou de determinada publicação no Instagram vai passar a estar escondido e que o teste desta nova funcionalidade começou esta terça-feira no Canadá. Objetivo? Fazer com que os utilizadores passem a gostar do conteúdo pelo que é e não sentirem pressão social para pôr ou não um gosto.
O número de visualizações nos vídeos vai passar a estar escondido também. As únicas pessoas que vão poder ver estes números são os próprios utilizadores que partilharam o conteúdo. Os perfis também não vão dar tanto destaque ao número de seguidores de cada conta.
O Instagram, à semelhança do Facebook, vai ter também mudanças no design e vai permitir comprar diretamente artigos pela aplicação. A câmara vai ter novas funcionalidades e vai existir uma opção para pedir donativos para causas pela plataforma, à semelhança do que o Facebook já faz. Os utilizadores que utilizem a plataforma para divulgar produtos, como os influencers, têm também novas opções: vai ser possível comprar diretamente pela fotografia partilhada um item.
O Facebook continua a ver na realidade virtual e aumentada o futuro
O Portal, o dispositivo de videochamadas e assistente digital do Facebook, vai passar o Atlântico e, no outono, chega à Europa. Também dentro das novidades de periféricos, foram também anunciados os novos óculos de realidade virtual da Oculus, detida pelo Facebook. Os Oculus Quest e os Rift S vão estar disponíveis já em maio com um preço de cerca de 390 euros (não há novidades sobre Portugal).