O Presidente de facto da Venezuela, Nicolás Maduro, disse esta quarta-feira à noite que derrotou um novo “complô da direita” que pretendia levar o país a uma guerra civil para controlar o poder, sublinhando que os golpistas “ficaram sozinhos”.

“Que a justiça faça a sua pátria. Não me tremerá o pulso, quando a justiça capturar e prender os responsáveis (…) Eu jurei respeitar e fazer respeitar a Constituição e as leis e o direito à paz e à democracia de todo o povo da Venezuela”, disse.

Nicolás Maduro falava em Caracas, para milhares de simpatizantes que marcharam até ao palácio presidencial de Miraflores, para celebrar o Dia Internacional do Trabalhador e apoiar o Chefe de Estado. No mesmo dia, Juan Guaidó anunciou uma greve geral para esta quinta-feira, 2 de abril.

“Se alguém pretender, usando as armas, entregar a pátria ao imperialismo (…), não duvidem em sair às ruas para defender a pátria, a democracia e a liberdade”, frisou o Presidente de facto da Venezuela.

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Quatro razões para o golpe de Guaidó ter falhado

Fazendo alusão ao grupo de militares que, na terça-feira, declararam apoiar o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países, Nicolás Maduro insistiu que os “golpistas” ficaram sozinhos.

“Estão fugindo, entre embaixada e embaixada. A Justiça procurando-os para que paguem os seus delitos, e mais cedo do que tarde irão para a cadeia”, disse.

Nicolás Maduro acusou os líderes opositores Juan Guaidó e Leopoldo López de, em coordenação com o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, John Bolton, prepararem e dirigirem o movimento golpista que pretendia “usar as armas da República contra a própria República”.

Segundo o Presidente de facto da Venezuela, a oposição “não entende o povo humilde” da Venezuela e não percebe que “há uma poderosa união cívico militar que não trairá a história nem o legado de Hugo Chávez”, que presidiu o país de 1999 a 2013.

Nicolás Maduro acusou a oposição de, além de enganar os venezuelanos e o “império norte-americano”, “fazer acreditar” que abandonaria o poder e iria para Cuba, mas que teria sido impedido pelos russos.

Por outro lado, frisou que “só o povo [através dos votos] põe e tira um presidente”.

Maduro questionou o que teria acontecido se, na terça-feira, tivesse enviado tanques das forças especiais: “Iríamos a uma luta armada, a uma guerra civil”, afirmou.

Teria acontecido “um massacre entre venezuelanos”, prosseguiu. “Teria havido morte entre venezuelanos e, em Washington, teriam celebrado e ordenado uma invasão militar, para ocupar a pátria de Bolívar. Isso é o que buscavam”, frisou.

Ministro da Defesa diz que manifestações “pacíficas” são uma “farsa”

Pouco depois de Nicolás Maduro ter discursado, o ministro da Defesa, Vladímir Padrino López, colocou um vídeo na sua conta oficial de Twitter para condenar diretamente Juan Guaidó, acusando-o de promover manifestações violentas, apesar da sua insistência de que elas são pacíficas.

“Fala-se das manifestações pacíficas que vocês estão a convocar. [Mas são as] das armas, da violência, da morte. São essas, as manifestações pacíficas que tu andas, sob essa farsa, a convocar”, disse.

O vídeo foi gravado num hospital, onde Vladímir Padrino López foi visitar um coronel da Guarda Nacional Bolivariana, alegadamente “ferido por arma de fogo” durante uma manifestação da oposição. “Até onde é que vai chegar a tua impunidade? Até onde?”

Vladímir Padrino López tem sido uma das figuras da política venezuelana mais falada nos últimos dias, desde que o seu nome foi apontado por altos responsáveis norte-americanos (inclusive o conselheiro para a Segurança Nacional, John Bolton) como sendo um dos principais conspiradores para levar a um fim do atual regime.

Vladímir Padrino López terá sido, juntamente com o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e o chefe das secretas militares e líder da guarda de honra de Nicolás Maduro, um dos pontos de contacto de Juan Guaidó e dos EUA dentro do regime. No entanto, avançaram diversos representantes da oposição e também dos EUA, os três terão acabado por recuar quando a “Operação Liberdade” de Juan Guaidó já tinha sido posta em marcha.