Para garantir a sobrevivência do grupo Soluções Automóveis Globais (SAG), João Pereira Coutinho terá de retirar a empresa de bolsa, beneficiar de um perdão de dívida de 370 milhões de euros e vender a maior empresa, a SIVA, à Porsche por 1 euro. O grupo SAG teve prejuízos de 179,6 milhões de euros, em 2018, e vai deixar de operar no setor automóvel, de acordo com o Jornal de Negócios, Jornal Económico Expreso e Correio da Manhã.

A Caixa Geral de Depósitos, o Banco Comercial Português, o Banco BPI, S.A. e o Novo Banco irão, de acordo com a SAG, “assegurar a sustentabilidade e continuidade do negócio automóvel da SAG, atualmente desenvolvido pela SIVA, bem como de outras subsidiárias diretas e indiretas da SAG”. Significa que a banca tem de financiar a liquidez da empresa até ao final do ano e de oferecer as garantias bancárias necessárias à “importação de viaturas e peças pela SIVA”.

Pelo menos 116 milhões de euros serão perdoados pelos bancos às duas empresas (16 milhões à SAG e um mínimo de 100 milhões à SIVA). Outros créditos subordinados da SIVA e de outras subsidiárias da SAG, no valor de 253,2 milhões de euros, “serão integralmente extintos por remissão”.

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Para assegurar o perdão da dívida, a SAG teve de vender a SIVA à Porsche Holding Gesellschaft, detida pela Volkswagen. O negócio fez-se por um euro, comprometendo-se várias companhias do Grupo Volkswagen a disponibilizar “apoio financeiro limitado” à SAG e SIVA. Ambas as empresas serão alvo de processos especiais de revitalização, levando a que os próximos anos se façam sem remuneração acionista, sendo as receitas geradas integralmente destinadas ao reembolso da restante dívida.

Todo o processo está dependente do sucesso da Oferta Pública de Aquisição lançada por João Pereira Coutinho sobre a SAG. João Pereira Coutinho já controla 88,8610% dos direitos de voto da empresa, precisando de atingir 90% dos direitos de voto mais um direito de voto na SAG e 90% da totalidade das ações representativas do seu capital social, para poder retirar o grupo de bolsa.

É intenção do oferente oferecer aos restantes acionistas, na sua maioria pequenos acionistas, a possibilidade de venderem as suas ações na oferta, a que se seguirá, se os pressupostos legalmente exigidos se verificarem, o pedido para a sociedade visada perder a qualidade de sociedade aberta”, lê-se no comunicado entregue à CMVM.

Pereira Coutinho propõe-se comprar as ações da SAG por 0,0615 euros cada — 7,9% acima do valor destas ao fecho da sessão de terça-feira (0,057 euros). O BCP, o Millenium e a CGD serão os intermediários financeiros encarregues de assistir a oferta. Todo o processo deverá permitir manter ambas as empresas ativas e, segundo as declarações do empresário ao Jornal de Negócios, “a manutenção dos mais de 650 postos de trabalho diretos”.