O que tinha na sua posse o grupo acusado de extorquir Julian Assange, fundador da Wikileaks, e que valia um ‘resgate’ de 3 milhões de dólares? Um total de 84 pastas digitais de documentos e cerca de 400 imagens incluídas em dois vídeos promocionais, escreve esta terça-feira a Cadena Ser, no site da cadeia de rádio mais antiga de Espanha. Inicialmente, o grupo criminoso pedia 3 milhões de euros em troca da não divulgação do material que tinha na sua posse, valor que acabaria por baixar para um milhão e meio.

Foi no final de abril que a situação foi denunciada pelos advogados de Julian Assange, que apresentaram as suspeitas de tentativa de extorsão ao Tribunal Nacional espanhol. Na denúncia, acusam um jornalista, José Martín Santos, três cientistas de computação espanhóis, a Embaixada do Equador em Londres e funcionários da empresa de segurança equatoriana Promsecurity. Os acusados espanhóis estão ligados à agência de comunicação Agencia 6.

O grupo que tentava extorquir Assange fez ele próprio vídeos promocionais com o material incriminatório, escreve a Cadena Ser, onde navega pelas diferentes pastas digitais onde guarda o material gravado dentro e fora da embaixada do Equador em Londres, onde Julian Assange esteve exilado durante os últimos sete anos, até ser detido a 11 de abril passado.

Terão sido estes vídeos que o grupo enviou a Kristinn Hrafnsson, editor-chefe da Wikileaks, para que Assange e a sua equipa pudessem ter noção da dimensão do material que tinha sido recolhido ao longo dos anos.

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Entre outras coisas, escreve a Cadena Ser, há sons de Assange a acusar o Equador de o querer vender aos Estados Unidos, sendo este o áudio mais politicamente relevante. A cadeia de rádio analisou os sons e tem a garantia de peritos de que, de facto, aquela é a voz do fundador da WikiLeaks a acusar o presidente equatoriano de corrupção e de ter feito um acordo secreto com o governo dos Estados Unidos. “O Equador vendeu-me aos Estados Unidos”, ouve-se na gravação, segundo aquele órgão de informação.

Num outro áudio, Assange dirá que os “EUA gastam milhões de euros em espionagem” e que, durante o tempo em que esteve exilado na embaixada, tinha 150 pessoas a vigiá-lo 24 horas por dia à espera que cometesse um erro para poderem detê-lo.

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Entre o material, haverá ainda documentos médicos onde se defende que “o confinamento contínuo é física e mentalmente perigoso” para Assange e que “a incerteza prolongada da detenção por tempo indeterminado inflige um profundo trauma psicológico e físico, para além do stress do encarceramento” ao fundador da WikiLeaks.

Ao rol de documentos, acrescentam-se ainda documentos oficiais do médico de Assange, os pagamentos recebidos pela equipe que trabalha na embaixada e fotografias de cartões bancários.