O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, recusou perante o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) a prática dos crimes que levaram à sua detenção no âmbito da operação “Teia”, disse o seu advogado.

O testemunho, de duas horas e meia e que prossegue à tarde, “correu bem” e o autarca “está a destruir pedra sobre pedra, as suspeitas que sobre ele impendem”, disse o seu advogado, Nuno Cerejeira Namora, que falava aos jornalistas num intervalo para almoço.

O autarca socialista de Barcelos e um dos cinco vice-presidentes da Associação Nacional de Municípios Portugueses foi o primeiro dos quatro arguidos do processo a ser chamado a depor perante o juiz de instrução Artur Guimarães, a fim de lhe serem fixadas as medidas de coação.

Nas suas declarações, Nuno Cerejeira Namora garantiu que rasga a sua cédula profissional de advogado se o presidente da Câmara de Barcelos for condenado no âmbito deste processo.

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“Se ele apanhar alguma condenação, eu rasgo a minha cédula profissional”, disse Cerejeira Namora, a respeito do seu cliente, ao mesmo tempo que exibia aquele título perante as câmaras de televisão.

O causídico disse que “é para rir” a imputação feita ao seu cliente de que celebrou em 2009 um contrato com a agência de comunicação da coarguida Manuela Couto para supostamente obter um favor 10 anos depois, e que se traduzia no fornecimento de um contacto do secretário de Estado da Internacionalização.

Depois de se saber que todos os arguidos manifestaram intenção de falar ao TIC, Nuno Cerejeira Namora admitiu que os interrogatórios se prolonguem para além do desta sexta-feira, pelo menos até sábado.

“À cautela, já cancelei o que tinha previsto para o fim de semana”, disse à agência Lusa.

Os quatro detidos na operação “Teia” chegaram esta 6.ª feira pelas 10:06 ao TIC para o primeiro interrogatório judicial.

Na quinta-feira já tinham estado naquele tribunal para identificação e os seus advogados puderam consultar os autos.

Os arguidos são os presidentes das câmaras de Barcelos, Miguel Costa Gomes, e de Santo Tirso, Joaquim Couto (ambos autarcas socialistas), o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, e a empresária Manuela Couto, administradora da W Global Communication, que já tinha sido constituída arguida em outubro, no âmbito da operação “Éter”, relacionada com o Turismo do Norte.

Os quatro arguidos foram todos detidos na quarta-feira, no âmbito da operação “Teia”, que se centra nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos, bem como no IPO/Porto, e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto”, segundo comunicado da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público neste caso.