O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, pediu aos motoristas para abandonarem o pré-aviso de greve. O ministro apela ao “bom senso” e ao “regresso às negociações”. “Não podemos estar sistematicamente com pré-avisos de greves, não deve ser assim”, declarou esta terça-feira aos jornalistas.
Pedro Nuno Santos afirma ainda que os motoristas “estão na iminência de ter um acordo com um aumento do ponto de vista salarial muito relevante”. “É um aumento muito acima daquilo que é a média dos trabalhadores em Portugal. E, por isso, espero que não se perca esta oportunidade histórica”, acrescenta. O ministro sublinha a “abertura” de todas as partes e defende que “deve-se continuar nesse espírito” de negociação. O Governo, acrescentou, irá tomar todas as medidas “para defender o povo português, o país e a economia”
A ANTRAM já tinha reagido nesta terça-feira com perplexidade ao novo pré-aviso de greve do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SMMP) e do Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM). A associação que representa as empresas de transportes de matérias perigosas diz que o representante do Sindicato dos Motoristas de Matérias perigosas foi “desleal” com os seus associados.
A associação que representa o setor estranhou o adiamento de uma reunião onde iriam ser discutidas as contrapropostas da ANTRAM e mostra-se surpreendida por depois de o congresso ter sido anunciado um novo pré-aviso de greve. “Os sindicatos podiam ter levado as contrapropostas para o congresso e discuti-las com os associados”, disse o porta-voz da ANTRAM, André Matias Almeida à Rádio Observador, que recusa o incumprimento das empresas, “porque é impossível existir um incumprimento quando ainda estamos a meio das negociações”.
Os empresários rejeitam as acusações de má-fé nas negociações e dizem que “o que foi apresentado no congresso é falso, porque era uma declaração conjunta e existe um documento posterior que revoga essa declaração”. A ANTRAM diz que existe um documento assinado por todas as partes onde o sindicato deixou cair a medida do aumento de 100 euros em 2020 e 2021 para indexar o aumento ao Salário Mínimo Nacional, rejeitando assim as acusações de má-fé.
A ANTRAM desmente ainda o representante do Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas, Pedro Pardal Henriques, sobre um contacto que terá sido feito pelos empresários junto do governo “para impedir que o país esteja nas mãos de 600 motoristas”. O porta-voz da ANTRAM garante que “não foi enviada nenhuma comunicação ao Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos ou aos Secretários de Estado” e que “terá que ser avaliada eventualmente a responsabilidade criminal destas declarações”.
O porta-voz da associação do setor diz que “têm existido um conjunto elevado de mentiras que têm ludibriado a comunicação social e os associados e que os sindicatos deviam convocar um novo congresso e os associados deviam perguntar aos representantes porque é que não lhes mostraram o acordo final”.
A ANTRAM diz que está disponível para continuar a negociar, “mas não está disponível para uma chantagem e se este pré-aviso de greve se efetivar é uma chantagem não só com a ANTRAM mas com todos os portugueses”. André Matias Almeida diz ainda que “o bom resultado destas negociações é o garante da paz social” e assegura que “se os portugueses fizerem a sua vida normalmente não haverá razões para alarme”.
O pré-aviso de greve anunciado pelos sindicatos aponta 12 de agosto como data de inicio, não indica data de fim, e poderá afetar sobretudo a região do Algarve, pelo período de férias que leva a um enorme aumento da população na região.