O Governo autorizou a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) a reprogramar os encargos de um milhão de euros relativos à Casa da Cidadania Salgueiro Maia, em Castelo de Vide, devido a atrasos no início da obra.
Segundo uma portaria publicada esta quarta-feira em Diário da República, a reprogramação é necessária porque a DRCA foi autorizada em 2018 a assumir os encargos plurianuais relativos à construção da casa, em Castelo de Vide, distrito de Portalegre, num total de 1.041.275 euros, repartidos pelos anos de 2018 e 2019, mas a obra só começou em abril deste ano e vai prolongar-se durante 2020.
Por isso, a portaria, assinada pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e pelo secretário de Estado do Orçamento, João Leão, autoriza a DRCA a alterar a programação autorizada em 2018 para poder repartir os encargos plurianuais, no mesmo valor total, pelos anos económicos de 2019 e 2020.
A candidatura relativa ao cofinanciamento da obra por fundos comunitários tinha sido aprovada em 2017 pela Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional Alentejo 2020.
A Casa da Cidadania Salgueiro Maia, que está a ser construída no castelo da vila, é um núcleo museológico que homenageia o capitão de Abril e vai implicar um investimento total superior a três milhões de euros.
Segundo o presidente da Câmara de Castelo de Vide, António Pita, trata-se de um projeto a desenvolver em duas fases, sendo que o financiamento da primeira fase, relativa à obra iniciada em abril deste ano e que deverá terminar no final de 2020, num investimento de 1.041.275 euros, está assegurado no mapeamento da DRCA, no âmbito do Alentejo 2020.
Apesar da obra da primeira fase do projeto ser da responsabilidade da DRCA, a Câmara de Castelo de Vide “garantiu a contrapartida nacional”, de 350 mil euros, disse o autarca, em declarações à agência Lusa. A segunda fase é a parte social, ou seja, a parte de bar, loja e a recuperação das antigas cavalariças, explicou António Pita.
Salgueiro Maia, natural de Castelo de Vide, expressou duas vontades em testamento, uma foi ser sepultado naquela vila, em campa rasa, e a outra foi deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização.
Entre as peças que fazem parte do espólio a instalar no núcleo museológico figura o conhecido megafone com que, em 25 de abril de 1974, no Largo do Carmo, em Lisboa, o então capitão intimou Marcelo Caetano a render-se e a entregar o poder às forças da democracia.
O espaço museológico vai também exibir o uniforme e o ‘quico’ que Salgueiro Maia envergava nesse dia, entre outros uniformes, divisas, flâmulas, estandartes e pendões, insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares pertencentes ao militar.
A Casa da Cidadania Salgueiro Maia vai acolher ainda uma área com cartazes, fotografias e uma coleção de miniaturas de carros de combate, a especialidade de Salgueiro Maia como oficial de Cavalaria e a sua grande paixão profissional.