Depois de ter sido alvo de ataques com cocktails molotov, o jornal mexicano “El Monitor de Parral” anunciou que vai deixar de vender a sua edição impressa. Mas há outra decisão: o jornal decidiu deixar de publicar trabalhos sobre crimes e sobre questões políticas. “Não vamos publicar absolutamente nenhuma história de crime, independentemente do quão importante seja”, lê-se no editorial publicado esta quarta-feira, citado pelo The Guardian.

O jornal, que continua com a sua versão digital, falou num “ataque encabeçado por um grupo de pessoas”, não tendo dado mais informações sobre o caso. Sabe-se que nenhum trabalhador saiu magoado. O gabinete dos procuradores do estado de Chihuahua, onde a redação está localizada, condenou o ataque e prometeu uma “investigação exaustiva”, acrescentando que o ataque ocorreu antes da meia-noite, quando “pessoas não identificadas atiraram cocktails molotov para o edifício localizado na rua de Cerro, causando danos em diversas partes da estrutura”.

Chihuahua, com cerca de 800 mil habitantes, tem sido conhecida pela violência dos cartéis de droga que lá se formam. E este caso, conta o The Guardian, não é o primeiro caso em que um jornal restringe a cobertura de histórias de crimes para evitar a violência dos gangues ou outro tipo de ameaças. No entanto, é raro que um jornal mexicano deixe totalmente de o fazer e que o anuncie publicamente. “Custa-me muito porque sempre lutamos por esta liberdade. Mas é preciso acatar a decisão da direção”, comentou o editor Esteban Villalobos Guillén.

Ainda esta quarta-feira um jornalista que escrevia para uma publicação online foi encontrado morto no sul do México. Rogelio Barragan trabalhou para o “Guerrero Now”, uma publicação que cobre vários eventos no estado de Guerrero, também dominado pela droga e violência, e o seu corpo foi encontrado no estado vizinho, Morelos. Também foi aberta uma investigação ao crime, ainda que mais nenhum detalhe tenha sido dado. Desde o início do ano, já foram assassinados nove jornalistas no México.

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